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~ segunda-feira, julho 29, 2002
 
Ficção

— Olha, eu não tô apaixonado por você.
"E quem perguntou?", eu pensei, antes de dizer:
— Tudo bem.
— Eu tô falando sério. Você acha que por trás dos meus gestos existe algum sentimento que eu não mostro por medo de me machucar, mas não é isso. O que eu sinto por você é atração, amizade e carinho, não tem nada a ver com amor.
— Mas eu não disse nada!
— Eu li no seu blog...
— Aquilo ali é ficção.
— Sei. Que nem aquele conto em que o cara diz que a mulher tem "olhar de cigana oblíqua e dissimulada"...
— Isso é Machado de Assis!
— Mas eu te falei isso quando a gente começou a sair.
— Ah, sim, e o cara do conto brochava também... ele é você, então?
— Você mistura alguns elementos ficcionais pra não ficar tão óbvio, mas tem sempre um fundo de verdade.
— ...
— Eu te falei desde o início que não queria me envolver. Eu acabei de sair de um relacionamento longo e não vou emendar em outro.
— Eu sei. Eu nunca disse nada.
— Vocês mulheres são foda. Não conseguem separar sexo de amor, vêem sentido oculto em tudo...
— Eu não tava falando de você!
— Jura?
— Juro!
— Mesmo?
— Mesmo, já falei.
— Então você tá saindo com outro? Não, tudo bem, eu não tenho o direito de querer saber isso...
— Não, não tô.
— Então o cara do conto é o seu ex? Você ainda não esqueceu dele?
— ...
 
Partida

Cada vez que você foi embora, eu tive medo de que fosse pra sempre. Em parte por causa desse meu jeito meio dramático, meio inseguro que eu tento acreditar que aprendi a disfarçar bem. E também porque eu sempre vou ter deixado de dizer tantas coisas que eu gostaria que você soubesse.
Como seria a minha vida se eu dissesse e fizesse tudo o que penso? Se não existisse dentro de mim um infinito de sentimentos e vontades esquecidos ou não, superados ou não, nenhum deles realizado? Se eu não me preocupasse tanto com o que posso causar nos outros? Se eu não tivesse tanto medo?
Você se despede mais uma vez. E mais uma vez eu engoli todas as palavras que o meu pensamento já tinha feito suas antes que elas pudessem sair de mim. Eu gostaria que os nossos diálogos subentendidos em gestos sutis e olhares pudessem acontecer foram da minha imaginação. Eu gostaria de saber quando você volta.
~ domingo, julho 28, 2002
 


When I think more than I want to think
Do things I never should do
I drink much more that I ought to drink
Because it brings me back you...


"Lilac Wine", na linda versão de Jeff Buckley (do cd Grace, que ele gravou pra mim). A original é de Elkie Brooks, mas essa versão é declaradamente inspirada na da Nina Simone.

I love you
But I'm afraid to love you


("So Real", do mesmo cd)
~ sábado, julho 27, 2002
~ sexta-feira, julho 26, 2002
 
Recado do Marcelo:

As mp3s da demo ao vivo do Glamourama já estão na rede. Para baixar, acesse http://www.glamourama.hpg.ig.com.br/index.htm e clique no nome da música.
 
Não quero atingir a imortalidade através de minha obra. Quero atingi-la não morrendo.

Woody Allen

Aliás, hoje vi O escorpião de jade. Ele nunca me desaponta...
~ segunda-feira, julho 22, 2002
 
Foi em cima da pia do banheiro. Uma festa na casa de uns amigos, e de repente aquela empolgação de casal recém-formado tomou conta de nós dois. Trepamos sem nada falar, ele me segurando com toda a delicadeza que cabia em suas mãos compridas, como se eu fosse o mais frágil dos cristais, ao mesmo tempo em que me agarrava com a fúria de quem tem urgência de amar.
Acabamos, ele me ajudou a descer da pia e enquanto eu arrumava o vestido pude notar um meio-sorriso acompanhado do olhar mais doce que eu já tinha visto desde que nos conhecemos. Um olhar que havia alguns meses eu jamais imaginaria que iria ter pra mim.
Eu preciso te falar uma coisa, ele disse, e me olhou seriamente nos olhos. Eu te amo, me disse pela primeira vez.
E nem precisava dizer. O sorriso, os olhos fechados, o suspiro profundo, o jeito de me envolver com os braços e e o corpo inteiro: ele todo já tinha dito. Mas foi muito bom ouvir.
~ quinta-feira, julho 18, 2002
 
Casa

Se eu pudesse escolher uma vida, seria esta. O emprego, o homem que eu sonhei, os filhos que pretendemos ter, as viagens que fizemos e planejamos fazer. Todos os risos e lágrimas que dividimos, a certeza de ser amada, a confiança conquistada. Nenhuma vida senão esta.
Talvez o ser humano não tenha sido feito para conquistar aquilo com que sonha. Talvez sejam a insegurança e a dúvida que nos movam. Seja qual for a explicação, eu gostaria de amar como sempre esse olhar de entrega que agora me causa angústia e culpa. Gostaria que no sexo eu ainda desejasse morrer por um instante, e pudesse me perder em você. Mas eu não posso nada além de desejar o seu corpo como a tantos outros.
Não sei exatamente quando foi que o meu pensamento e o meu olhar se perderam num infinito de incertezas. Você percebeu, e continua doce e paciente como sempre, apesar do sofrimento. E o que me mais dói é não poder te proteger de mim e da minha ausência.
Se eu pudesse, traria o meu coração de volta a esta casa.
~ quarta-feira, julho 17, 2002
 
Átimo



A música está meio longe mas eu gosto dela, é linda, quando eu sinto esse cheiro um turbilhão de sentimentos me vem à cabeça, essa alegria tão grande que me confunde por dentro e eu pareço que vou explodir em lágrimas mas me seguro pra não te assustar, a boa certeza de que a vida é justa de vez em quando, e eu te agarro com força cravando as unhas pra ter por inteiro enquanto tiver, e sinto o seu coração disparado como o meu agora, a respiração ofegante como se o mundo fosse acabar, e nada nem ninguém à volta importa, não existe mais o mundo fora do meu corpo e do seu, tudo isso enquanto eu te abraço e você me beija.
 
Como aplicar seu dinheiro

Se você tem, por exemplo, 40 reais, pode passar ali na Berinjela (av. Rio Branco, 185/sobreloja, loja 10, Centro, Rio de Janeiro, com filial em Salvador) e comprar:

Admirável mundo novo (Aldous Huxley)
Trópico de câncer, Trópico de capricórnio e O mundo do sexo (Henry Miller)
Pais e filhos (Ivan Turguêniev)
A fogueira das vaidades (Tom Wolfe)
Posições - 1 (Louis Althusser)
A alma do homem sob o socialismo (Oscar Wilde – é, o escritor mesmo )
O leopardo (Tomasi de Lampedusa)

Todos esses bem-conservados, o último em uma edição linda.

Aliás, você podia comprar esses livros. Porque agora eles já são meus. Mas vai lá, tem mais coisa boa.
~ segunda-feira, julho 15, 2002
 
Nostalgia isn't what it used to be.

(Simone Signoret)
 
My Funny Valentine

My funny valentine, sweet comic valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable, unphotographable
But you're my favourite work of art
Is your figure less than Greek?
Is your mouth a little weak?
When you open it to speak
Are you smart?
Don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little valentine, stay
Each day is Valentine's day
~ domingo, julho 14, 2002
 
A amiga psicóloga lê um texto sobre Emma Bovary e se lembra de mim, fã da personagem:

Como exemplo paradigmático dos impasses da mulher burguesa, podemos citar Emma Bovary, de Flaubert, como aquela que sonhava ser uma outra mulher. Para tanto, ela se utilizava de passagens ao ato na tentativa de realizar os seus sonhos, entretanto, permanecia alienada nas malhas de um discurso em que seus anseios latentes não encontravam palavras ou lugar.

(ela só não lembra o nome do autor... Tem uma segunda parte também, mas, além de eu não concordar com a análise, conta várias partes interessantes e o final do livro)

Certo, Emma Bovary sonhava ser outra mulher, mas não era só isso: sonhava com um tipo de homem impossível, que só existia nos livros que ela se acostumou a ler desde a adolescência. Isso até abre precendente pra um texto que eu fiz essa semana e vou publicar aqui.

~ sexta-feira, julho 12, 2002
 
Expectativas

Eu gostaria de ser forte e não me incomodar. Estou triste e não é culpa do disco melancólico que eu não paro de ouvir: é que às vezes o coração ignora o que é certo. Você diria que certo é o que coração quer. Então eu tenho direito de estar magoada? Não preciso ser racional e repetir pra mim mesma que você não tem culpa das minhas expectativas?
Queria poder não esperar nada nem me importar: tudo seria mais fácil. Queria ser imune a você e o seu jeito se expor sem medo e sem limites. Mas não consigo. Assim como não deixo de pensar onde estarão você, seu pensamento e seu destino nessa noite fria e chuvosa e mais cinza que todas as últimas.
É tarde e eu ainda me preocupo com você. Não sei o que você quer de mim, e talvez nem você saiba. Aliás, acho que você não sabe nem o que quer do mundo, nem de si mesmo. Mas isso não te impede de seguir correndo, sem pensar muito, sem medo de mergulhar, sem tempo pra olhar pros lados. Você vai aonde o teu corpo te leva.
E eu que me cerquei de todos os escudos possíveis e repeti a mim mesma que não podia esperar de você mais do que algumas palavras encantadoras, não pude evitar. Olha como é fácil me conquistar. Palavras. Meia dúzia de belas palavras escolhidas com certo cuidado ou instintivamente. E agora estou confusa, sem saber em que isso vai dar.
Mas gostaria de saber até quando você vai entrar e sair da minha vida repentinamente.
~ quinta-feira, julho 11, 2002
 
Life intimidates art.

(Elvis Costello, em "20% Amnesia")
 
Não importa se eu sei quem são os personagens do seu livro inacabado. Nem se você reconhece frases e pessoas no que eu escrevo. Não importa se nós vivemos amores infantis. Ou se vivemos na expectativa infantil deles. Não importa se vivemos em conflitos morais o tempo todo. Se os nossos amigos só sabem exigir o que não podemos dar. Se eu continuo confusa e triste. Se algum dia vamos realizar as grandes promessas que somos e viver do que gostamos. Se eu faço muitas generalizações sobre o comportamento humano. Se nos sentimos superiores ou inseguros demais. Se você já está cansado de perder tempo com coisas ou pessoas medíocres. Se não sabemos até que ponto devemos viver ou parar para ler e escrever.
O que é importa é se no fim isso tudo vira alguma coisa boa de se ler. E você sabe disso.
 
Estou me sentindo emo hoje. Será a gripe? A trilha sonora é The Get Up Kids, então:

Don't hate me

forgive me for running off to find the one things i have to do
each night you can fall asleep assured that someday
i'll be coming home to you
these constant reminders in everything i see
the chance of a lifetime...
what a great place to be

oh amy
don't hate me for running away from you
oh amy
don't hate me
i'm still in love with you

i'm sorry i can't be everything to you
your place is at the heart of what i do everything's for you
every time i run away
it's easier to stay
at the heart the hearts is you in everything i do

(do álbum Four minute mile)

Obs.: Se você não sabe muito bem o que é emo, pergunta ao Rafa. Ou dá uma olhadinha na PUNKnet.
 
Ela fez música nova. Ainda não ouvi, mas a letra é essa aqui:

vadia copacabana

dificil ver a luz acesa e não entrar
lá na rua onde eu ando
vadia copacabana
se é noite e eu não te encontro eu não tenho mar
nem vou pra casa nem quero cerveja em nenhum lugar
quero jogar garrafas nos carros e gritar "ei você não viu um cara feio por aí?"
ele me deixou cantando debaixo de janelas
coisa que moça nenhuma devia tentar
ele me deixou cantando músicas estranhas
vadia copacabana
~ terça-feira, julho 09, 2002
 
A flor

Há dias quase não saio do quarto. Você me disse adeus, e nem pessoalmente foi: o telefone é mais fácil nessas horas. Pelo menos pra quem escolhe ir embora. Pra mim, que não quis acreditar no que escutava, doeu não saber quando vou poder te falar ou olhar de novo.
Você não voltou e algumas lembranças suas ficaram pela casa: a escova de dentes no banheiro, umas poucas roupas pelo quarto, o Nove estórias do Salinger na página em que você parou na cabeceira, alguns CDs na estante e a flor que você me deu num vaso na janela.
Tenho acordado tarde. Estou desempregada mesmo, e falta ânimo pra procurar trabalho. Vou até a cozinha uma ou duas vezes por dia, e já perdi a conta do tempo em que estou com a mesma roupa. Não tenho tomado banho, mal escovo os dentes. O telefone está na secretária, e na verdade recebi poucos telefonemas nos últimos dias.
Eu olho pra flor na janela e vejo que é o único sinal de vida nesse quarto.
 
O Marcelo falou que tava ouvindo Roberto e eu lembrei dessa música, que acho linda. Olha só a letra:

Você

(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

Você que tanto tempo faz
Você que eu não conheço mais
Você que um dia eu amei demais
Você que ontem me sufocou
De amor e de felicidade
Hoje me sufoca de saudade

Você que já não diz pra mim
As coisas que eu preciso ouvir
Você que até hoje eu não esqueci

Você que eu tento me enganar
Dizendo que tudo passou
Na realidade aqui em mim você ficou

Você que eu não encontro mais
Os beijos que já não lhe dou
Fui tanto pra você e hoje nada sou

Você que eu não encontro mais
Os beijos que já não lhe dou
Fui tanto pra você e hoje nada sou
~ segunda-feira, julho 08, 2002
 
Equívocos

Eu lembro com saudade do tempo em que a gente sentava, e ria e conversava por horas. Eu te falava da confusão que estava a minha vida, e você me aconselhava com esse ar calculado de maturidade. Mas não conseguia esconder o lado menino quando me escutava, atento, falar sobre assuntos que você não conhece bem. Nós estávamos sempre juntos e podíamos ser nós mesmos.
E tudo começou meio que descompromissadamente, você me dizendo que tudo bem, era só não confundir as coisas, e eu acabei concordando. Mas não sei bem como nem por quê as coisas foram se confundindo e eu já não sabia mais o que queria de você nem você o que queria de mim. O que era bom se tornou cansativo. O que era cumplicidade passou a ser um jogo. O que era alívio virou tensão.
E eu, que sempre encontrei em você o ombro que também te oferecia, passei a duvidar de você. A quem pedir conselhos agora? Você era estranho pra mim. Nos dois sentidos do termo. Eu não tinha o que fazer, a não ser ficar parada. Longe de você.
Hoje pouco sabemos um do outro. Seguimos nossas vidas. Nos encontramos e falamos com naturalidade. Conversas curtas e superficiais. Nem de longe lembramos o que éramos no tempo em que ríamos juntos. Não me incomoda mais te ver, mas sinto falta do que a gente foi. Perdi um amigo e isso dói.
 
Do blog do Granado, vocalista do Grenade:

Você já pensou que todo mundo que você ama vai morrer? Acho que a gente pensa pouco nisso. Deve ser normal, afinal, ninguém quer estar preparado. Eu não quero. Eu quero sentir a dor da perda. Mesmo acreditando que possa existir uma outra vida, isso não é suficiente. Eu sou de carne e osso e sendo de carne e osso quero a carne e os ossos de quem eu amo, sempre comigo. Quero a voz, o cheiro, o olhar, o sim e o não. Não quero só a lembrança. Acho que somos todos assim.

Vai lá, lê o resto. Eu gostei muito.
 
Errare humanum est

Ontem teve show do Xorxe e ESQUECI. Como diria o Adriano, ÓDEO.
~ sábado, julho 06, 2002
 
Tem a música alta, as luzes e essas pessoas bonitas pra onde eu olho. E também as bebidas, e as comidas. Mas isso não é nada. Nem isso, nem os livros, nem mesmo os discos. Tem também os homens, e eles são bonitos ou feios, às vezes cultos e quase sempre inteligentes. Alguns me fizeram sofrer por descaso. Outros se esforçaram pra isso. Outros me fizeram o mais feliz que podiam. E tem também os que eu fiz sofrer. Mas os homens também não importam.
Um elogio ao meu brinco novo. O olhar quando me pede pra ficar mais um dia. A raiva do último que me magoou. Um telefonema num dia triste. As piadas. A confiança de contar um segredo. Dizer que está com saudade. Sentir falta de conversar, ou de simplesmente estar junto. Telefonar pra combinar de fazer alguma coisa, mesmo sem saber o quê. Avisar dos perigos e, mesmo quando eu insistir, não dizer nada, apenas consolar.
É isso que importa: saber que não interessa quantas vezes eu tropece, vocês vão estar sempre ali, tentando impedir que eu caia no chão. E, quando cair, vão me oferecer as mãos pra levantar antes mesmo que eu pense em pedir. Vão me fazer rir quando eu estiver triste, ou pelo menos tentar, e contar comigo quando vocês estiverem tristes.
A minha vida está um pouco mais doce e é por causa de vocês.
 
Eu tive que postar rápido porque a Ciça disse que ia quebrar tudo... Resolvi botar essa letra aqui porque andava falando de Xorxe, Elvis e Otto, mas nada de falar do meu queridinho, o preferido, meu grande amor.
Aliás, essa música é a minha cara... pra quem diz que eu sou menino – viu, Juliana?

Samba do grande amor

Chico Buarque

Tinha cá pra mim
Que agora sim
Eu vivia enfim o grande amor
Mentira
Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim um amador
Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão pro grande amor
Mentira
Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração de fiador

Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel o grande amor
Mentira
Reservei hotel
Sarapatel
E lua-de-mel em Salvador
Fui rezar na Sé
Pra São José
Que eu levava fé no grande amor
Mentira
Fiz promessa até
Pra Oxumaré
De subir a pé o Redentor

Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira
~ terça-feira, julho 02, 2002
 
"Tendo uísque e solidão, é o diabo."

Evaldo Gouveia, cantor e compositor, hoje no JB.
 
Nossa

Essas coincidências que têm me acontecido fizeram a minha amiga estar na mesma cidade que eu e a gente se encontrar sem combinar, e também te trouxeram pra cá. Eu soube que você estava aqui, eu quis te encontrar. Mas não podia ir só, não tive como.
Agora o Brasil ganhou a Copa e as pessoas estão pelas ruas. Eu queria que as coincidências não parassem e que eu acabasse te encontrando numa mesa de bar ou na rua, perdido entre as comemorações. Na tevê o dia inteiro a sua banda preferida, e enquanto tento dormir eu só penso em como seria bom te abraçar e dividir contigo esse momento.
Cheguei a desejar que o que não pode mais voltar voltasse, como se o tempo não tivesse nos afastado de um jeito inevitável. Eu quis que essa Copa fosse a nossa Copa. Eu quis que essa vida fosse a nossa vida outra vez.

 

Lay-out por Davi Ferreira