Pós-Pop
Facebook
Orkut
Twitter

Nome:

Comentário:

Site

E-mail:





Abba
Branca Por Cruza
Cartas da Sala 666
Contracampo
Cucaracha
E agora, Mary Fe?
El Cabong
Érika Martins
Febre
Fixing a Hole
Garoto Xujo
Homem É Tudo Palhaco
Jana Magalhães
Kung Fu Lounge
Macaco Velho
Magalha
Moidsch
Poça D'Água
Portinhola
Seta Para Cima
Ricotta
Trabalho Sujo
Urbe
Vida Fuleira
Wonderella
Working Class Anti-Hero
Trash it Up


12/01/2001 - 01/01/2002
01/01/2002 - 02/01/2002
02/01/2002 - 03/01/2002
03/01/2002 - 04/01/2002
04/01/2002 - 05/01/2002
05/01/2002 - 06/01/2002
06/01/2002 - 07/01/2002
07/01/2002 - 08/01/2002
08/01/2002 - 09/01/2002
09/01/2002 - 10/01/2002
10/01/2002 - 11/01/2002
11/01/2002 - 12/01/2002
12/01/2002 - 01/01/2003
01/01/2003 - 02/01/2003
02/01/2003 - 03/01/2003
03/01/2003 - 04/01/2003
04/01/2003 - 05/01/2003
05/01/2003 - 06/01/2003
06/01/2003 - 07/01/2003
07/01/2003 - 08/01/2003
08/01/2003 - 09/01/2003
09/01/2003 - 10/01/2003
10/01/2003 - 11/01/2003
11/01/2003 - 12/01/2003
12/01/2003 - 01/01/2004
01/01/2004 - 02/01/2004
02/01/2004 - 03/01/2004
03/01/2004 - 04/01/2004
04/01/2004 - 05/01/2004
05/01/2004 - 06/01/2004
06/01/2004 - 07/01/2004
07/01/2004 - 08/01/2004
08/01/2004 - 09/01/2004
09/01/2004 - 10/01/2004
10/01/2004 - 11/01/2004
11/01/2004 - 12/01/2004
12/01/2004 - 01/01/2005
01/01/2005 - 02/01/2005
02/01/2005 - 03/01/2005
03/01/2005 - 04/01/2005
04/01/2005 - 05/01/2005
05/01/2005 - 06/01/2005
06/01/2005 - 07/01/2005
07/01/2005 - 08/01/2005
10/01/2005 - 11/01/2005
11/01/2005 - 12/01/2005
12/01/2005 - 01/01/2006
01/01/2006 - 02/01/2006
02/01/2006 - 03/01/2006
03/01/2006 - 04/01/2006
04/01/2006 - 05/01/2006
05/01/2006 - 06/01/2006
06/01/2006 - 07/01/2006
07/01/2006 - 08/01/2006
09/01/2006 - 10/01/2006
10/01/2006 - 11/01/2006
11/01/2006 - 12/01/2006
12/01/2006 - 01/01/2007
01/01/2007 - 02/01/2007
02/01/2007 - 03/01/2007
03/01/2007 - 04/01/2007
04/01/2007 - 05/01/2007
06/01/2007 - 07/01/2007
07/01/2007 - 08/01/2007
10/01/2007 - 11/01/2007
12/01/2007 - 01/01/2008
01/01/2008 - 02/01/2008
02/01/2008 - 03/01/2008
03/01/2008 - 04/01/2008
04/01/2008 - 05/01/2008
05/01/2008 - 06/01/2008
07/01/2008 - 08/01/2008
11/01/2008 - 12/01/2008
01/01/2009 - 02/01/2009
03/01/2009 - 04/01/2009
08/01/2009 - 09/01/2009
09/01/2009 - 10/01/2009
10/01/2009 - 11/01/2009
11/01/2009 - 12/01/2009
12/01/2009 - 01/01/2010
01/01/2010 - 02/01/2010
03/01/2010 - 04/01/2010
04/01/2010 - 05/01/2010
05/01/2010 - 06/01/2010
06/01/2010 - 07/01/2010
11/01/2010 - 12/01/2010
12/01/2010 - 01/01/2011
03/01/2011 - 04/01/2011
05/01/2011 - 06/01/2011
09/01/2011 - 10/01/2011
12/01/2011 - 01/01/2012
01/01/2012 - 02/01/2012
12/01/2012 - 01/01/2013
02/01/2013 - 03/01/2013
06/01/2013 - 07/01/2013



 

~ quarta-feira, maio 29, 2002
 
De novo

O filme que nós acabamos não vendo, a música inesperada no show, o livro do autor que você comentou, o telefonema no dia certo, você diria que eram sinais. Eu não sei se acredito ou não nessas coisas, mas quando me dei conta todo o encanto tinha voltado e quando lembro do sorriso bobo no seu rosto eu não consigo nem quero conter o meu.
Se eu não me lembro de todas as coisas que eu posso ter te dito, não posso esquecer o que senti quando finalmente aconteceu o que eu já não esperava mais. Eu queria ter falado tudo, não queria ter agido como se tudo continuasse igual, apenas mais um dia depois do outro. Mas acho que você percebeu, e é imaginação minha ou você sentiu o mesmo?
Agora que você já viu a minha penúltima máscara no chão, o que será que vai acontecer? Eu não paro de pensar, acho que nem quero parar e antes que o telefone toque outra vez serão infinitos os reencontros no meu pensamento.
~ segunda-feira, maio 27, 2002
 
MALDITA KAMILLE

Hoje
A partir das 23h
Comemoração do meu 25º aniversário e o 50º show do Netunos.

Cheguem cedo! O show do vai começar meia-noite. E tem também eu e meus amigos na pista 2 (Ciça, Juliana Araújo, Fred Leal, talvez o Buff...).

A partir das 23h
Casa da Matriz
Rua Henrique Novais, 107 – Botafogo
Ingresso: R$ 4 + 10 de consumação
Com filipeta: R$ 2 + 8 de consumação (a filipeta você imprime no site da Matriz).
 
Tempestade

As suas palavras me ferem. A calma meticulosa com que você escolhe cada uma delas me mostra o seu desprezo, e se eu fosse sincera por um instante apenas eu iria cuspir na sua cara, no meio dessa cara de covarde que não merece meu sofrimento nem minha raiva.
Se também eu não fosse covarde, iria dizer tudo o que você merece ouvir, não pela falta de amor mas pelo seu egoísmo. É por isso que eu gostaria de poder esquecer cada momento passado com você. Mas, como você, eu tenho medo do que as pessoas possam pensar de mim, de demonstrar que eu me importo, que eu acreditei em você. Como se gostar de alguém fosse motivo de vergonha.
E é por isso que quando você passou todas essas coisas me vieram à cabeça em um segundo, mas eu simplesmente disse oi e fingi que nada acontecia apesar da tempestade dentro de mim.
~ sexta-feira, maio 24, 2002
 
Fim de noite

É tarde e o último beijo de boa noite vai ser seu. Durante algum tempo eu acreditei que você tivesse medo de amar, mas era apenas uma desculpa que eu criei para me consolar. Você nunca teve medo do amor. Pelo contrário: sempre o perseguiu e, ao encontrá-lo, mergulhou sem nem fechar os olhos. O que não havia era lugar para mim.
Quisera eu que ao menos o desejo te trouxesse para mim, mas nem mesmo isso. Do contrário, não haveria como evitar o inevitável, porque a razão é sempre derrotada pelo que não se pode conter.
A noite está fria e úmida e eu devia estar na cama há muito tempo. Um bêbado puxa conversa e, entre álcool e cigarros, eu faço comentários esporádicos. Eu gostaria de querer deitar, e se você e o meu sonho estivessem aqui comigo eu poderia dormir sem rezar ou fazer planos para amanhã.
Não deitar pelo sexo, que a essa altura o cansaço já inibe o desejo até mesmo em pensamento. Apenas o abraço, fechar os olhos e sentir e ouvir sua respiração mansa, meu coração levemente apressado sem medo de que você percebesse, e a certeza de que, ao dormir, meu sonho seria bom.
~ quinta-feira, maio 23, 2002
 
Da série Mirc também é cultura:

Enivrez-Vous
Charles Baudelaire

Enivrez-Vous
Il faut être toujours ivre.
Tout est là:
c'est l'unique question.
Pour ne pas sentir
l'horrible fardeau du Temps
qui brise vos épaules
et vous penche vers la terre,
il faut vous enivrer sans trêve.
Mais de quoi?
De vin, de poésie, ou de vertu, à votre guise.
Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois,
sur les marches d'un palais,
sur l'herbe verte d'un fossé,
dans la solitude morne de votre chambre,
vous vous réveillez,
l'ivresse déjà diminuée ou disparue,
demandez au vent,
à la vague,
à l'étoile,
à l'oiseau,
à l'horloge,
à tout ce qui fuit,
à tout ce qui gémit,
à tout ce qui roule,
à tout ce qui chante,
à tout ce qui parle,
demandez quelle heure il est;
et le vent,
la vague,
l'étoile,
l'oiseau,
l'horloge,
vous répondront:
"Il est l'heure de s'enivrer!
Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps,
enivrez-vous;
enivrez-vous sans cesse!
De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise."

Get Drunk

Get Drunk
Always be drunk.
That's it!
The great imperative!
In order not to feel
Time's horrid fardel
bruise your shoulders,
grinding you into the earth,
get drunk and stay that way.
On what?
On wine, poetry, virtue, whatever.
But get drunk.
And if you sometimes happen to wake up
on the porches of a palace,
in the green grass of a ditch,
in the dismal loneliness
of your own room,
your drunkenness gone or disappearing,
ask the wind,
the wave,
the star,
the bird,
the clock,
ask everything that flees,
everything that groans
or rolls
or sings,
everything that speaks,
ask what time it is;
and the wind,
the wave,
the star,
the bird,
the clock
will answer you:
"Time to get drunk!
Don't be martyred slaves of Time,
Get drunk!
Stay drunk!
On wine, virtue, poetry, whatever!"
 
Meu avô

Esses dias estava arrumando as minhas coisas e encontrei um livro que meu avô tinha me dado. Me lembro muito bem de quando ele me deu esse livro. Não era novo, meu avô tirou da coleção dele. Ele adorava ler, passava horas no escritório. Aliás, desde que eu me lembro, ele já quase não saía de casa, a não ser aos domingos, para almoçar, e em dias de ir ao banco.
Ele não era de demonstrar afeto. Lembro de minha avó, sempre atenciosa e carinhosa, e dele, calado ou nervoso, discutindo com ela. Ou de quando nós íamos cumprimentá-lo e ele, mau-humorado, dizia: "Beijo pra quê?" Não é difícil entender esse comportamento. Minha mãe contava que, certa vez, a mãe dele virou-se para minha avó e disse: "Você faz muito carinho nos seus filhos. Isso estraga eles. Carinho em filho a gente só faz quando eles estão dormindo."
A influência da minha avó em mim sempre foi muito clara. Ainda lembro de quando eu era pequena e ficava na cozinha, por horas e horas, olhando ela trabalhar. No meu aniversário, o bolo preferido (até hoje é assim). Muito habilidosa, sempre aprendendo e fazendo coisas novas. Entre as duas avós, não era difícil ver com qual das duas eu tinha mais afinidade, qual me servia de exemplo. Mas o meu avô, não. Ele era o único que eu tinha, minha única referência.
E era essa pessoa difícil. As discussões nas reuniões de família aos domingos, ele exaltado. E como era metódico. Levantava muito cedo, ia para a sala e dormia sentado no sofá. Fazia as refeições sempre no mesmo horário: perguntava as horas, e em seguida dizia para a minha avó: "Estou com fome."
Mas também tinha um outro lado que só agora eu vejo. Ainda pequena, quando ele morava em Vila Isabel, eu passava lá algumas tardes. Mal chegava, meu vô me dava escondido um pacote de biscoito mirabel. Tirava de uma parte do móvel da sala onde guardava chocolates e bebidas, até onde eu podia ver. Era o móvel dos segredos do meu avô, na minha cabeça. O móvel ainda existe, no outro apartamento, e quando eu vejo me lembro dessa época.
Meus pais seguiam uma alimentação macrobiótica, que era bastante comum. Para mim, que não comia brigadeiro em festa nem tomava coca-cola, aquele biscoito era a coisa mais gostosa do mundo. Um ritual, um segredo meu e do meu avô. Ele, como sempre, não dizia nada. Só me dava o biscoito, sempre.
O livro é uma seleção de crônicas do Rubem Braga. Dei uma folheada, li alguns textos ao acaso e lembrei que, certa vez, um amigo comparou a minha escrita à desse autor. Guardadas as devidas proporções, acho que faz sentido, me identifiquei bastante com os textos. Quando o vovô me deu, me espantei. Primeiro, porque trazia um desenho de uma mulher nua lendo um livro na capa. Não que eu nunca tivesse visto algo do tipo, mas era o meu avô que estava me dando aquilo!
Depois, era o meu primeiro livro de adulto. Eu sempre gostei muito de ler, e minha mãe, meus padrinhos, muitas pessoas sempre me deram livros de presente. Mas aquele livro que o meu avô estava me dando não era como os outros. Ele não trazia figuras, nem contava histórias de adolescentes. Ele era um livro de um autor reconhecido, como os da minha mãe que eu costumava pegar sem pedir ou os que a minha tia-avó Íris emprestava. Só que desta vez eu não pedi: o vovô Luiz me deu, sem eu dizer nada. Simplesmente chegou, com aquele jeito contido, e disse "Toma." Eu, surpresa, não me lembro de ter dito nada muito diferente de "Obrigada".
Mais tarde, ele ainda me deu outros livros de sua coleção. Além do livro de crônicas, lembro bem de uma gramática de italiano e outra de alemão. Parece que, fechado em si mesmo, o meu avô já imaginava que dali alguns anos eu desenvolveria uma paixão irrecuperável pelas línguas. Que o meu amor pelos livros continuaria o mesmo. Que algum dia eu teria uma relação muito mais estreita com aquele livro do Rubem Braga se poderia supor.
Todas essas lembranças me vêem à cabeça e eu lamento que só agora, quando ele não está mais aqui, eu tenha percebido as palavras e o afeto do meu avô contidos em cada gesto. Que só agora eu tenha me dado conta de que ele prestava atenção em mim como poucas pessoas. Se ele me desse aquele livro hoje, eu diria: "Também te amo."
~ segunda-feira, maio 20, 2002
 
Das coisas pensadas mas nunca nunca ditas

Você acha que eu estou bem porque eu sorrio. Não percebe que, por trás das palavras, existe o esforço em parecer imune. Se você olhasse embaixo da máscara, descobriria o mundo de incertezas, medos e atos planejados e nunca realizados. Somos responsáveis por quem cativamos, é o que eu acho. Não tenho direito de trazer pra mim aquilo de que não posso cuidar.
Se você quisesse entender em vez de me julgar, perceberia a minha intenção de te preservar. Você veria do quanto eu me privo tentando te proteger de mim ou da minha ausência.
Dizer tudo o que eu sinto e fazer o que me dá vontade seria me expor talvez mais do que eu possa suportar. Preciso me defender um pouco. Aprendi da maneira mais dolorosa.
Mas o coração não se fechou. Um eterno conflito entre razão e sentimento, essa sou eu. Agora, o tempo ajuda abrir frestas entre os escudos. Nem mesmo as paixões arrebatadoras (das que não pedem licença e chegam sem como nem porquê) conseguem derrubar certas barreiras.
Queria que você não estivesse triste.
~ sábado, maio 18, 2002
 
Sob as estrelas

Os meus cílios caem sobre as páginas do livro e isso atrapalha um pouco a leitura, mas eu acho a imagem bastante literária. Eu não estava mesmo prestando atenção.
Você diz que me adora mas me negou três vezes ao repetir o que eu não queria ouvir. E agora deve odiar cada segundo desse mundo que não é o seu com o silêncio e o olhar que parece querer estar em qualquer lugar que não esse.
Se eu pudesse, mudaria o mundo para que você coubesse ou ao menos quisesse caber nele. Na verdade, eu é que deveria mudar, porque esse mundo não é outra coisa senão eu, carne e sangue. E por um instante eu quis ser outra por você.
~ quinta-feira, maio 16, 2002
 
Nos últimos tempos desenvolvi a habilidade involuntária de estragar tudo aquilo que conquistei. Mesmo as coisas durante muito tempo almejadas por mim eu vi se desfazendo diante dos meus olhos, nas minhas mãos. Me vi fazendo o inacreditável. E deixando de fazer o mínimo.
Mas o pior é que tenho medo de fazer o mesmo com você.
~ quarta-feira, maio 15, 2002
 
Lançamento da Livros do Mal sábado

Neste sábado, dia 18, ao meio-dia, acontece o lançamento da editora Livros do Mal no Rio de Janeiro, com a presença dos editores e autores Daniel Galera e Daniel Pellizzari autografando suas obras. O evento será na Livraria Berinjela (Av. Rio Branco, 185 (Marquês do Herval) - loja 10 - Centro).

Pra quem não sabe, os editores da Livros do Mal são colunistas do extinto CardosOnline, o COL.

Os livros lançados serão:

Dentes guardados - de Daniel Galera - R$10,00
Ovelhas que voam se perdem no céu - de Daniel Pellizzari - R$10,00
Vidas cegas - de Marcelo Benvenutti - 20,00
~ segunda-feira, maio 13, 2002
 
Se você soubesse como é sufocante aqui dentro... o vazio no meu peito é maior que esse quarto, que a cidade, é maior até que o medo e a ansiedade que eu costumava sentir.
O pior são as tantas coisas que eu queria dizer e fazer mas não sei como nem se. Você é tão frágil que parece que se eu tocar vou quebrar em pedacinhos.
Eu só queria que você dissesse ou fizesse alguma coisa. Nada mais cruel que a sua sutileza.
 
Eu não queria me importar com o seu silêncio. Com o seu olhar, que ora parece distante, ora parece querer estar longe. Com o seu jeito de se esconder como se eu fosse te fazer algum mal. Como se eu já fizesse, aliás. Queria não ligar pro seu jeito de matar até os meus pensamentos, de me fazer engolir cada ímpeto como se ele fosse um crime. De fazer eu me sentir feia e suja por dentro como eu não sou. De me fazer procurar em cada passo um erro.
Eu queria simplesmente não sentir. Mas não consigo.
~ domingo, maio 12, 2002
 
O telefone toca no meio da noite e mais uma vez não era você. Não acredito no que está acontecendo, eu simplesmente não acredito. Isso deve ser um sonho, eu bebi demais e estou sonhando, mas eu acordo de novo e está tudo ali, como antes de eu dormir, não era sonho.
Não sei o que fazer. Só penso em dormir dormir dormir pra fugir. Da realidade. Do meu medo. Da minha impotência. Das palavras que me faltam. Do meu coração que só faz bater apressado e que, diferente de sempre, eu queria que você pudesse ouvir. Do meu sonho. Da minha incapacidade de realizá-lo.
~ sábado, maio 11, 2002
 
E se me faltarem as palavras certas, o ar, o chão? Você vem me salvar?
~ sexta-feira, maio 10, 2002
 
Cadê você que não aqui? Desde aquele dia eu te espero, e você não vem. Não sei até quando posso agüentar. Meus olhos estão fechando e você não chega. Eu queria saber o que fazer pra você vir e ficar comigo.
Vou dormir, e espero sonhar contigo. E, se não sonhar, por favor venha me dar a mão e me ajudar a acordar. Eu preciso de você.
 
boca e pele: saliva
entre as pernas: porra
marcas nas costas: sangue
no pescoço: roxo
o coração: frio
~ terça-feira, maio 07, 2002
 
Hoje tem lançamento do número 9 da revista Ficções na 7Letras. Pra quem não conhece, é uma revista literária com contos, trechos de romances e ensaios sobre prosa.

Essa edição traz um conto muito bom do JP.

Vamos lá, todos:

Lançamento da revista Ficções número 9 e muito mais
Rua Jardim Botânico, 674, terraço
A partir das 19h
 
Pesadelo

Eu tive um pesadelo que me deixou muito muito assustada. É estranho como certas vezes ficamos aterrorizados nos sonhos com coisas que analisadas pela consciência não são tão ruins assim. Eu estava sozinha. Confusa. À minha volta, tudo era caos. Eu não sabia por onde começar, que caminho seguir. Tantas idéias, tanto a fazer e eu no meio das dúvidas acabava apática, paralisada. O tempo seguindo e eu parada. O mundo passando e eu parada.
Fiquei com muito medo, acordei e te contei. Que alívio o teu abraço no meio da noite. Olhei em volta, ainda meio confusa entre sonho e vigília, as coisas todas no lugar, você, a minha vida inteira. Tudo no lugar certo. Comecei a pensar, como é que podia? Eu, que sempre fui confusa... Como é que eu fui chegar ali? Em que ponto exatamente comecei a agir do jeito certo? Eu não lembrava, mas tive orgulho de mim mesma.
O telefone. Por que não atendem, por que você não atende? Fico tateando em busca do aparelho e enquanto o som nesse instante ensurdecedor do telefone não cessa eu vou abrindo os olhos com dificuldade e, ao acender a luz e ouvir a voz do outro lado, já consigo enxergar com mais clareza o caos que está em volta e me dou conta de que agora é que estou acordando.
~ segunda-feira, maio 06, 2002
 
E se eu: te ligasse mesmo quando você não me liga. Dissesse a todo instante que te amo. Achasse belo cada detalhe seu. Chorasse sempre no sexo. Te falasse sempre a verdade. Mostrasse como sou carente. Esperasse o quanto você precisasse. Esquecesse de mim mesma. Te quisesse todo dia. Te deixasse entrar na minha vida. Não tivesse olhos nem ouvidos nem boca nem poros pra mais ninguém. Quase morresse de saudade. Me consumisse de ciúme. Te entregasse também o coração. Te sentisse nas entranhas. Te deixasse ouvir meu coração quase pulando do peito. Precisasse mais que tudo de você. Ainda assim você me amaria?
~ domingo, maio 05, 2002
 
Hey, miss DJ

Nesta segunda eu vou tocar (CDs) de novo. Apareçam.

MALDITA E-ZINE
Segunda, 6 de maio
DJs Kamille, Kowalsky e JP
A partir das 22h
pista 2

Casa da Matriz
Rua Henrique Novais, 107 – Botafogo
Ingresso: R$ 4 + 10 de consumação
Com filipeta: R$ 2 + 8 de consumação

(a filipeta você imprime aqui)
~ sábado, maio 04, 2002
 
Dia desses encontrei os restos das pétalas de uma flor que você me deu. Aconteceu alguma coisa que elas estavam quase reduzidas a pó. Foi com pena que eu joguei fora, você sabe como eu sou, me apego às coisas, como se pudesse conservar nelas um pedaço do que eu vivi em outros tempos.
Claro que isso é impossível, mas eu não me importo. Eu guardo tudo de bom aqui dentro de mim, e a cada vez que eu te vejo isso me faz ter certeza de que algo de você está comigo pra sempre.
~ sexta-feira, maio 03, 2002
 
Se você esquecer, eu não me importo. Contanto que você descubra a cada minuto que está apaixonado por mim.
 
Salve, Xorxe

Desde que foi comprado, mês passado, o Força bruta não sai do meu cd player. Viciei. Além de "Oba, lá vem ela", que eu postei aqui antes, outro hit pessoal é essa música aqui. Linda.


Zé Canjica

(Jorge Ben)

Está chovendo
e a chuva vai molhar alguém
que outrora caía toda molhada
nos braços meus

Não é verdade, não
Não pode ser

Silêncio
Vai embora
Me deixa
Perdão

Me desculpem, meus amigos, gente
se eu estou confuso e triste
e até mal-humorado
mas é que eu já não sou
o namorado do meu amor

Sei que minha maré não está peixe
mas eu não vou desistir de pescar
pois ainda resta um fio de esperança
e a vontade de viver pra conseguir conquistar
novamente ela
pra conseguir conquistar
novamente ela

Silêncio
Vai embora
Me deixa
Perdão

Mas é que eu já não sou
o Zé Canjica do meu amor

Silêncio
Vai embora
Me deixa
Perdão
 
E se de repente te faltar o ar, o chão, os sentidos? O que você vai fazer? Correr e se esconder? Ou vai me olhar e me dar a mão?
 
Seu

Essa mania de buscar o significado de cada coisa. Às vezes eles não querem dizer nada, falam ou fazem algo sem pensar muito, e a gente fica procurando sentidos ocultos em cada vírgula, em cada silêncio, em cada demora numa resposta. A gente acha que se interpretar direito os sinais e agir certo pode conseguir um final feliz.
Mas esses jogos cansam. E é bom redescobrir a calma. Poder agir sem calcular cada passo. Sem medo. Sabendo que não precisa medir as palavras nem interpretar o que te dão. Nem se esforçar para conquistar o que quer ser seu, que te recebe de braços e coração abertos, palavras e gestos bonitos. Você dorme um sono tranqüilo nos braços de quem se importa, e sonha sonhos bobos ou bonitos mas nunca daqueles que dão aperto no peito.
E quando você acorda, a alegria de poder fazer planos. De não precisar dizer nem ouvir nada e mesmo assim ficar bem só pela presença do lado. De ser abraçada e sentir que o outro está completamente com você, o pensamento inteiro seu.
Não espera mais por explicações. O que é seu não precisa ser explicado. Você sabe que é seu porque ele procura as melhores palavras pra te dar. Os gestos mais delicados. Vê beleza em detalhes que nem você mesma percebe. Ele sabe desde sempre que você não é comum. Ele não quer te perder.
O tempo todo ele está de braços abertos, e te dizendo toma.
~ quinta-feira, maio 02, 2002
 
Feliz 2002

A boa do feriado foi o show do Zeca Pagodinho na praia de Copacabana, onde fui com três amigos. Chegamos lá e a surpresa: estava absurdamente cheio. Apesar de ter visto ônibus e mais ônibus lotados de gente que ia pro show (o meu, inclusive), não dava pra ter noção de que era tanta gente assim. Parecia réveillon, como disse o JP. Só que no réveillon você ainda encontra conhecidos, enquanto lá não encontramos um.
Deu pra perceber que o show que estava rolando não era do Zeca Pagodinho. Como estava muito cheio, nós estávamos meio longe do palco e não deu pra reconhecer quem estava lá. Só dava pra ver pelo telão um cara sentado tocando cavaquinho, então ficamos achando que era o Jorge Aragão. Não devia ser, mas era tão chato quanto. Eu não conhecia nenhuma das músicas e achei todas ruins. Só se salvou a que encerrou o show, aquele belíssimo samba-enredo do Silas de Oliveira que eu não me lembro o nome (o que começa assim: "Vejam / esta maravilha...").
Não demorou muito pra começar o show do Zeca, e, apesar do friozinho (lá pro meio do show começou a chover uma chuva fina), aquele era definitivamente um show pra se assistir bebendo cerveja. E como bem notou o JP, era engraçado ver vários bêbados (Zeca e o público) cantando que largaram a bebida.
Aliás, as letras das músicas do Zeca (grande parte, acho que a maioria, não é composta por ele) são todas variações sobre os mesmos temas: mulher que jogou o nome do cara na macumba, um cara que largou a vida boêmia e se regenerou pela amada, exaltações à patroa, coisas do tipo. É por isso que eu costumo chamar ele de Woody Allen do pagode: são sempre os mesmos temas, mas sempre criativos e sempre fica bom.
O público cantou em uníssono sucessos como "Vai vadiar", "Verdade", "Coração em desalinho" e "Samba para as moças", todos da safra mais recente do cantor. Mas os saudosistas de plantão – se é que tinha algum lá – também ficaram satisfeitos. No meio da apresentação Zeca chamou seu "compadre Almir" para uma participação especial. O compadre, como fomos perceber, era o Almir Guineto, um dos nomes de destaque do pagode em seu surgimento, na década de oitenta (ao lado do próprio Zeca, Bezerra da SIlva e Dona Ivone Lara, entre outros). Cantaram, entre outras, o jongo "Dança do Caxambu" e aquela também conhecida que diz "Tem que lutar / não se abater / Só se entregar / a quem te merecer", e o povo acompanhando.
Os minutos que demoramos até termos certeza se era ou não Almir Guineto se deveram ao fato de que, além de estarmos longe do palco e do telão naquela hora, a voz do pagodeiro era uma coisa do outro mundo, de tão bêbado e rouco que ele estava. Na saída, vimos que havia umas mesinhas estilo do palco e concluímos que tudo contribuiu para o estado em que ele se encontrava. Aliás, notamos que também estavam no palco Beth Carvalho, madrinha artística de Zeca Pagodinho, e um figura que até agora eu não sei quem era, com a voz quase tão bizarra quanto a do Almir Guineto.
Saímos de lá e já caía uma chuvinha. Fiquei pensando em como são legais bons shows na praia, e como isso devia rolar mais vezes. Também fiquei pensando nas letras das músicas, receitas simples de felicidade que eu quero adotar na minha vida. Ah, e o comentário dos meus amigos era de que, com todas as semelhanças com a festa de Ano Novo, o show tinha sido até mais animado que o réveillon deste ano em Copa. Eu não sei, porque não presenciei. Mas, pra quem dizia que eu tinha ficado no ano passado porque não presenciei a festa, ontem resolvi tudo. Pronto: feliz 2002!
 
Você me invadiu o sono e agora não consigo voltar a dormir. Mas não me importo, até gosto: nada mais doce que pensar em você.
~ quarta-feira, maio 01, 2002
 
Ele sabe usar tão bem as palavras e também o silêncio. Quisera eu saber quais palavras carregam os seus silêncios.

Ou pelo menos com quantas palavras minhas se faz um sorriso dele hoje.

 

Lay-out por Davi Ferreira