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~ quarta-feira, abril 30, 2003
 
Você, olhar distante
em mim, aperto no peito
– e o pior é que não consigo parar de querer
alguma coisa
enquanto olho a paisagem da baía,
o monumento,
o aeroporto,
o céu absurdamente rosa,
e de repente já não é mais
como todas as coisas.
~ terça-feira, abril 29, 2003
 
Enquanto não escrevo nada aqui, posto coisas lindas alheias:

Catavento e Girassol

(letra: Aldir Blanc/música: Guinga)

Meu catavento tem dentro
o que há do lado de fora
do teu girassol
Entre o escancaro e o contido,
eu te pedi sustenido
e você riu bemol
Você só pensa no espaço,
eu exigi duração...
Eu sou um gato de subúrbio
você é litorânea

Quando eu respeito os sinais,
vejo você de patins
vindo na contramão
mas quando ataco de macho
você se faz de capacho
e não quer confusão
Nenhum dos dois se entrega.
Nós não ouvimos conselho:
eu sou você que se vai
no sumidouro do espelho

Eu sou do Engenho de Dentro
e você vive no vento do Arpoador
Eu tenho um jeito arredio
e você é expansiva
– o inseto e a flor
Um torce pra Mia Farrow,
o outro é Woody Allen...
Quando assovio uma seresta
você dança havaiana

Eu vou de tênis e jeans,
encontro você demais
– scarpin, soirée
Quando o pau quebra na esquina,
você ataca de fina
e me ofende em inglês
é fuck you, bate-bronha...
e ninguém mete o bedelho,
você sou eu que me vou
no sumidouro do espelho

A paz é feita no motel
de alma lavada e passada
pra descobrir logo depois
que não serviu pra nada
Nos dias de Carnaval
aumentam os desenganos:
você vai pra Parati
e eu pro Cacique de Ramos

Meu catavento tem dentro
o vento escancarado do Arpoador
Teu girassol tem de fora o escondido
do Engenho de Dentro da flor
Eu sinto muita saudade,
você é contemporânea,
eu penso em tudo quanto faço,
você é tão espontânea

Sei que um depende do outro,
só pra ser diferente,
pra se completar
Sei que um se afasta do outro,
no sufoco, somente pra se aproximar
Cê tem um jeito verde de ser
e eu sou meio vermelho
mas os dois juntos se vão
no sumidouro no espelho
~ sábado, abril 26, 2003
 
Eu não consigo escutar Wagner, pois me dá uma urgência de invadir a Polônia.

Woody Allen
~ sexta-feira, abril 25, 2003
 


Festa de Lançamento da Revista Bala dia 30/04 (véspera de feriado)
Na Spin
Rua Teixeira de Melo, 21 (pertinho da Praça General Osório) - Ipanema
A partir das 22h
R$ 15 (sendo 10 de consumação)

DJs: JP Cuenca + Kamille Viola + Fred Leal + Ciça Giannetti (rock)

Recebem especialmente de Porto Alegre:
ORGANIZERS (drum’n’bass)

After-hours: beats improváveis com Joca San e Fábio Maia
~ quinta-feira, abril 24, 2003
 
O Granado e a Criz acabaram com os blogs deles. Pena.
 
~ quarta-feira, abril 23, 2003
 
The Great Big No

(Lemonheads)

Lover don't turn your head
Just let me walk away
I thought I might have to say
you're asking the wrong guy

She wonders how
Thinks she knows now
She'll be right
They always go bye the bye
The great big no
Great big no
The great big no
The great big no

Is nothing okay with you
Is nothing okay with me
Is anything happening to have to go to sea
He wonders why
The indigo guy,
He'll be right
They always go bye the bye
The great big no
Great big no
Great big no
Great big no

Everyone knows everything
Everyone knows everything
Nobody, nobody has got no one to go to
Great big no
Great big no
Great big no
Great big no

Whoah (Lover don't turn your head)
Lover don't turn your head
No (Lover don't turn your head)
Is nothing okay with you?
~ segunda-feira, abril 21, 2003
 
– Cuidado com o que você deseja. Pode se tornar realidade.
~ terça-feira, abril 15, 2003
 


Lindo o pássaro do Wado.
~ quinta-feira, abril 10, 2003
 
Volto pra casa sozinha a pé e não tenho medo. O pensamento, como quase sempre, está longe das ruas a essa hora desertas e ainda úmidas da chuva, de vez em quando repousa sobre a lua ou uma folha seca no chão, perto da banca de jornal – sempre no mesmo lugar, é como se fosse a mesma folha, um eterno déjà vu – ou ainda nos despachos na esquinas.
Certa vez me disseram: champanhe e rosas vermelhas são oferendas pra pombagira. São trabalhos para trazer a pessoa amada. Tanto a desejar nesse mundo, mas essas pessoas querem nada mais que um amor – sucesso, dinheiro, saúde, tudo em segundo plano. Querem tão intensamente que acham digno rogar isso aos deuses, e não se importam com os olhares ora censores, ora curiosos enquanto fazem seus rituais.
Há quem peça licença ao passar por um despacho. Eu não: caminho sem temer os perigos desse ou do outro mundo. O meu medo agora está longe de onde eu estou, como o meu pensamento. Está naquilo que não posso controlar, está onde acaba o meu poder de realizar. Seria mais fácil não desejar o que não posso decidir, se a minha felicidade estivesse toda nas minhas mãos. Nada de aperto no peito, frio na barriga ou milhares possibilidades. Nunca mais ilusões. Nunca mais tentar e errar.
(e eu faria tudo igual outra vez, se pudesse escolher)
~ terça-feira, abril 08, 2003
 
Paris at Night

Trois allumettes une à une allumées dans la nuit
La premiére pour voir ton visage tout entier
La seconde pour voir tes yeux
La dernière pour voir ta bouche
Et l'obscuritè tout entière pour me rappeler tout cela
En te serrant dans mes bras.

Jacques Prévert

***

Paris at Night

Three matches one by one struck in the night
The first one to see your face in it's entirety
The second to see your eyes
The last to see your mouth
And the darkness all around to remind me of all these
As I hold you in my arms.


***
Para o amigo que mostrou o manhattan e esse poema em numa noite em 98.
~ segunda-feira, abril 07, 2003
 
Não reclame
que eu não digo nada:
é você que me deixa
sem palavras.
 
 
Todas essas pequenas coisas
e também as grandes
que quando eu menos espero
me assaltam o pensamento
(e eu nem tentaria impedir):
é isso que fica,
e não me importa a saudade
quando poder algum dia viver isso de novo
me faz sorrir mais uma vez.

 

Lay-out por Davi Ferreira