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~ domingo, dezembro 29, 2002
 
Um dia eu vi um mundo perfeito
mas eu não cabia nele.

(eu quis fechar os olhos,
mas não adiantaria)
 
Lembranças são tão voláteis:
o álcool evapora em mim
e você no tempo.
 
Eu poderia te falar sobre como às vezes penso que a gente poderia ter direito a viver várias possibilidades ao mesmo tempo na vida, e numa dessas a gente se encontraria. Sobre como às vezes eu tenho vontade de te dizer e não digo, tenho vontade de te mostrar e não posso, tenho vontade de ser pra você e não sou. Sobre as pequenas ou grandes coisas que volta e meia me lembram nós dois. Sobre o seu sorriso, que é lindo, talvez eu já tenha dito, mas diria muitas e muitas outras vezes. Até cansar. Poderia falar, ainda, sobre segredos que não contei pra ninguém. Sobre a angústia que me dá às vezes. Sobre quando eu senti culpa, muita culpa. Sobre as noites em que quis ouvir a sua voz. Ou sobre como dói essa sensação de desencontro. Mas prefiro dizer que eu adoro quando você usa óculos.
 
Voltou

:~~~~
~ segunda-feira, dezembro 23, 2002
 
Domingos

– Hoje senti falta de alguém dormindo na minha cama enquanto eu via tv. Ah, besteiras.
– Besteiras são coisas legais. Mas nem sei se é isso que eu queria.
– É legal, sim. Convivência rotineira de final de semana, compartilhar café, ler o jornal.
– Acho que as pequenas coisas vão morrer com a gente. Às vezes parece que é isso... que vão nos manter ligados pra sempre, numa outra dimensão. Como se em outro lugar e tempo ainda existíssemos juntos, vivêssemos uma realidade paralela. Como se nenhuma história terminasse, como se em um certo ponto um relacionamento se bifurcasse em várias outras possibilidades, mas nunca deixasse de existir.
– Não sei, fico cada vez mais com medo de relacionamentos, acho que resta muito pouco. Não dá pra sobrar amizade, é estranho. Você passa meses, anos, e depois é como se não tivesse conhecido a pessoa, ou que não tivesse tido contato tão íntimo.
– Ou é isso, ou é ter sempre um pouco de amor.
– Exato.
– Eu acho melhor ter um pouco de amor, melhor do que não ter existido nada. É ruim olhar para um ex-amor como se fosse um estranho. Tipo aquela música do Roberto, "fui tanto pra você e hoje eu nada sou". É muito ruim olhar e ele não te significar muito... parecer que foi algo distante, um filme... parecer que não foi você que viveu aquilo. E dá medo de você também não ser nada pra quem te significou tanto.
– Não sei, um pouco de amor pode ser ruim. Ex-namoradas minhas gostam de mim, eu gosto de outras. Nenhuma posição é boa, só se fosse bilateral, mas se for bilateral não acaba... dói.
– Acaba sim... E eu e o Nicolau temos um pouco de amor. Dói, só que eu prefiro assim a nada. Nada também dói. De outro jeito, mas dói. É estranho, péssimo. Ainda mais quando o olhar da pessoa diz que ainda existe um pouco de amor.
– Aí você lembra de espaços de tempo e não encaixa a pessoa.
– Até encaixa, mas não te faz tanta falta. Você lembra com carinho, mas carinho não é muito.
– Putz, isso é muito ruim.
– Pois é.
– Eu sinto raiva de mim, às vezes.
– Eu também.
~ sexta-feira, dezembro 20, 2002
 
estava longe
e tinha olhos belos demais
pra me levar a sério.
~ quinta-feira, dezembro 19, 2002
 
As vacas magras

é porque entrei demais na sua intimidade que
estou fora dela

o excesso de amor nos separou


(Cacaso, Beijo na boca)
~ quarta-feira, dezembro 18, 2002
 
Eu já disse aqui antes que adoro o Rubem Braga (no texto sobre um livro que o meu avô me deu, tá nos arquivos do blog). E agora vai ser lançada uma biografia dele, pelo visto super cuidadosa. Esse site adianta quatro obras dele até então não publicadas em livro.

Qualquer dia desses eu digito uma das minhas crônicas preferidas e publico aqui.
 
Fim de festa

Eu ainda disse alguma bobagem antes de ir, mas sabia que entre os nossos sorrisos havia uma distância instrasponível até mesmo pelo sentimento que antes nos unia. As tardes de conversas intermináveis, o riso com as coisas em comum, comentários que só nós poderíamos entender, a saudade que transparecia em telefonemas e palavras. Um mundo em que o que se trocava era maior do que talvez pudessem ver.
Quando comecei a temer, era tarde demais: havia um abismo entre nós. Na verdade, quem estava no abismo era você. Todos te olhavam e eu fiquei triste. Eu quis ajudar, quis estender a mão, mas não sabia como. Fiquei olhando, igual a eles. Então eu falei com você e nós rimos, mas rimos um riso que já não era o mesmo. Fui embora e pude sentir a mágoa nos seus olhos.
O que você não sabe é que, quando entrei naquele carro, não havia alma mais solitária do que eu.
~ terça-feira, dezembro 17, 2002
 


Eu faço samba e amor até mais tarde
e tenho muito sono de manhã
escuto a correria da cidade, que arde
e apressa o dia de amanhã


(A letra é "Samba e amor", roubada do Chico Buarque – o site é maravilhoso, tem letras, textos sobre ele, biografia etc. O desenho é cortesia do Moidsch, feito especialmente pra cá)
~ domingo, dezembro 15, 2002
 
E era tão lindo
e tão forte
mas bastou uma paixão
pra nos separar
– definitivamente.
~ sábado, dezembro 14, 2002
 
você já pensou ir mais eu viajar
quando o sol desmaiar?


(Geraldo Azevedo e Alceu Valença, "Talismã")
~ sexta-feira, dezembro 13, 2002
 


Quando eu pensei
filho da puta!
era o meu coração
querendo dizer
não me mata de saudade...

(O lindo desenho foi feito especialmente pelo Moidsch pra cá)
 
berinjela em tiras lembra
tentáculos de polvo
cheiro de baunilha lembra
aquela vagabunda
~ quinta-feira, dezembro 12, 2002
 
Já não me importa
não saber muito sobre você:
o pior é não estar lá.
~ quarta-feira, dezembro 11, 2002
 
– Apaga a luz
eu disse a ele
enquanto, sob o lençol,
até meu pensamento doía.
~ terça-feira, dezembro 10, 2002
 
Saudade

O mais estranho é que
quando você me faz rir
é que dá mais vontade de chorar
~ sexta-feira, dezembro 06, 2002
 
Se dar conta de que perdeu alguém é muito difícil. Percebo isso agora que finalmente aconteceu. Há dias venho ouvindo a mesma música nos momentos em que nada tenho pra fazer, e ela me lembra você, claro, mas você já longe de mim. De resto, a vida segue como desde então. Os dias um após o outro, justapostos, sem grandes emoções. O que mais me lembra você está em silêncio. E numa madrugada, então, tudo parece ter sido um sonho bom na minha existência comum. Um sonho bastante real, daqueles que a gente ainda confunde com a realidade depois de acordado. Como os que eu tenho ultimamente, mas esse parecia ter tanto sentido que mesmo depois de um bom tempo passado eu continuei acreditando que tinha acontecido. Eu tinha medo de algum dia te perder, mas agora é como se eu nunca tivesse tido você. Eu vi o sol nascer sobre a minha vida, mas foi apenas um sonho bom. Quisera eu jamais ter acordado.
~ quinta-feira, dezembro 05, 2002
 
às vezes eu sinto
como se essa não fosse eu
 
A lágrima que escorre
não é só saudade ou tristeza:
é amor. Ainda.
~ terça-feira, dezembro 03, 2002
 
O que ele procurava encontrou ali, nos meus cabelos, quando deitei no seu colo. Ele me olhava dormir. Eu consegui dormir até mais tarde, com a calma em meu peito.
E quem disse que eu não sabia nada sobre o amor?
 
Não era nada
– e por isso mesmo doía.
 
~ domingo, dezembro 01, 2002
 
Alguns pensamentos entre Copacabana e a Tijuca

Noite muito quente, ônibus lotado, rostos solitários. Sinto saudade de alguém que eu não tive. As luzes de mercúrio me dão melancolia, e a iluminação de natal mais ainda. O ano passou muito rápido, eu penso. Cada vez passa mais rápido. Eu vejo o tempo me escapulindo pelas mãos e me arrependo de tudo o que não fiz – e vou continuar não fazendo. Queria ser diferente.
Os carros passam rápido demais a essa hora no Aterro e eu me distraio por um instante e vejo a lua crescente entre as árvores. Prédios antigos. O que eu nunca tive. A música que te fazia lembrar de mim me vem à cabeça e isso é ruim, porque é tarde eu não posso te ligar. O relógio marca quatro em ponto e eu queria que fosse mais tarde. Eu tenho medo.
O hotel bonito contrasta com a praça decadente que vem logo adiante, onde, a essa hora, ainda não vi os travestis, provavelmente porque hoje é um dia bom – será que algum não é? Por causa do calor, vários homens sem camisa, e um deles vem do futebol: short sujo, meias compridas levantadas, joelho ralado. As curvas com pressa jogam as pessoas de um lado para o outro. A praça XV me dá muita sensação de déjà vu: será que você sente o mesmo?
As ruas semi-desertas ficam mais solitárias com a iluminação alaranjada: muita melancolia. Até a minha casa ainda vai demorar algum tempo, e eu sinto vontade de chorar. Lembro dos seus telefonemas cada vez mais raros, dos emails nunca mais respondidos, o silêncio que me tortura. O mundo inteiro poderia estar ali e ainda assim eu me sentiria sozinha.

 

Lay-out por Davi Ferreira