A sua vida resumida na primeira frase que me diz, antes mesmo de saber o meu nome. Tudo já confuso. Talvez eu devesse pedir licença e sair correndo, mas como resistir a tanta franqueza? No fim das contas, para mim ela é encantadora, quase ingênua. O salão e os corredores esvaziam e até a sua dúvida soa sincera. Tudo bem, eu digo. Viro as costas e me conformo em ir embora. Para te encontrar outra vez, logo adiante. Que bom que eu te achei, você me diz, e o seu sorriso é tão franco que até me faz parecer que não era justamente o contrário, e que tudo não passava de uma grande coincidência, se é que coincidências existem. É tarde e a Lapa já não está tão cheia quanto em outras noites. Você hesita. Eu e os outros insistimos, mas logo depois me arrependo. Talvez você já soubesse que aquela era apenas a hora errada. Talvez já previsse o nosso súbito desencontro. Logo agora que tudo parecia tão bem. Logo agora que sabíamos tanto um do outro. Logo agora que eu ia te dizer o meu nome. Que eu quis dizer que eu nunca tinha percebido que os seus olhos eram assim tão bonitos. Você jogou o sorriso no táxi e sumiu.