E eu muitas vezes pensei no que faria depois que a paixão acabasse. Porque quis, também, que fosse para sempre. Mesmo tendo que me acostumar com a idéia de que tudo acaba, as coisas passam e um dia, quando a gente vê, pararam de importar, eu acreditei secretamente que ainda seria para sempre.
Talvez a paixão vá e volte, como tantas vezes acontece na vida - normalmente de forma descompassada, em tantos desencontros. Eu desejei que os dias sem paixão amorosa me fossem tão encantadores quanto o tempo de mãos suadas e coração batendo alto. Agradeci à vida pela paz que encontrei em ombros mansos, vivi tranqüila e docemente todas as horas de um tempo sem sobressaltos.
Veio você. E, numa velocidade tão grande que me fez perder a noção do tempo, eu já não tinha certezas, nem calma, nem paz. Como se eu sentisse a vida correndo de novo em minhas veias. Sempre disse a mim mesma: nunca empurrar com a barriga. Nunca ser como os outros. Nunca por obrigação. O mundo é que fazemos dele. Me acomodar seria a morte, e eu fujo dela o tempo todo, e o medo de cair nessa armadilha é o fardo com o qual luto todos os dias.
Mas mudar tudo seria fácil. "O novo sempre vence", ele me disse uma vez. Difícil é se apaixonar todos os dias pela mesma pessoa. Insistir no que já se conquistou. Desafio maior é manter vivo o coração mesmo sem falta de ar, pontadas no estômago. É recomeçar sempre. Redescobrir a todo momento o mesmo amor.