Antes do sonoGostava de olhar estrelas e quis me dar palavras de luz, fragmentos de nossas conversas entrecortadas. Por vezes se confundia com o que jaz, subentendido, sob o tantas vezes dito por nós. Também eu me confundia, tão incoerente quanto.
Muitos os detalhes que me descrevia: o jeito de desviar o olhar que o deixou nervoso (e ficou mais tranqüilo quando soube que não era só com ele) e o modo de mexer as pernas que achou engraçado. Capturou pequenas impressões e quis dar sinais confusos, que acreditou serem os mais óbvios.
Nada óbvio, também, soube transpor a distância que não era tanta assim mas não era de se desprezar; umas boas horas levaria até chegar ao encontro de sorrisos e olhares desviados. Talvez se decepcionasse ao saber que não haveria muito além disso: no máximo um ou outro comentário extremamente franco e direto que eu deixasse escapar entre goles. Se despediu sem maiores dramas, depois de se dar conta de que éramos praticamente dois desconhecidos.
Parecia saber, como eu, que certas histórias devem permanecer irrealizadas.