– Meu olho ainda brilha quando olho pra você.
– Mas não é assim que tem que ser?
Você vira as costas e é mais difícil dizer tchau. Eu volto logo, você diz, mas logo nunca é o suficiente. Olho pela janela mas não presto atenção, estou longe. Onde está a paisagem da praia de Botafogo que você tanto gosta? É mais pra trás? Eu rio um pouco da sua lembrança, e rio porque você ainda não conhece tão bem assim a cidade. Logo a paisagem e todas as ruas serão preenchidas pela melancolia que invade tudo cada vez que você se afasta os tantos quilômetros de sempre. A vida não é só você, mas sem você perde uma boa parte da graça. Assim é a paixão, e se o tempo passa e as coisas não mudam, ou se coisas como essa não mudam, talvez assim se tenha coragem de chamar de amor, o que na verdade desde o princípio já sabíamos, nunca senti isso antes, nunca essa intensidade, nunca soube o que era desespero (mas um desespero bom).
– A primeira vez que você me disse eu te amo, eu não respondi de volta.
– Eu lembro. Mas desde que me disse, tenho ouvido todos os dias.
Nunca liguei pra olhos verdes, mas esses são os mais lindos. E ainda brilham.