Enquanto voltava pra casa, já bem tarde, quase cedo, eu observava alguns casais. Lembrei dos dois que vi certa vez num bar na Lapa, bêbados, ambos beirando os cinqüenta anos. A música do baile próximo invadia o lugar, e ela, lânguida, sussurava no ouvido dele os versos do funk pornográfico, enquanto ele sorria pensando que, definitivamente, a noite ia ser boa.
Quer dizer, essa foi a minha interpretação. Eu olho casais e invento histórias para cada um deles. Penso se estão felizes, se brigaram, se estão juntos há muito ou pouco tempo, se têm mágoas incuráveis, se combinam perfeitamente, se mal se agüentam ou se são cúmplices e amam-se loucamente. Eu imagino pra eles tudo aquilo que nós nunca vamos poder viver.
(mais um momento Euteamoidsch = Eu te amo +
Moidsch)