Copacabana
Às vezes, quando estou cansada, como agora, eu penso que queria morar em Copacabana pra dar uma volta na praia à noite pra relaxar. Foi lá que um rapaz viu o mar do Rio pela primeira vez quando eu levei, e às vezes ele sente saudade daquela noite, do mar e da coxinha da minha lanchonete preferida.
Eu costumava preferir Ipanema, que é mais limpa e tem pessoas bonitas e bem-vestidas. Mas em Copacabana a gente olha pras putas e os travecos nas esquinas e finge que é antropólogo. A gente olha os mendigos na calçadas e finge que é mais humano.
Os meus amigos moram lá, e os que não moram vão sempre, assim como eu. Lá, a gente brinca de fingir que é adulto com essa vida de eterno adolescente. A gente bebe nos botecos e fica um pouco mais feliz mas tem medo de nunca conseguir o que sonha.
E quando eu volto pra casa de manhã, depois de uma noite mal dormida por causa da feira que começou a se armar de madrugada, eu vou um pouco triste. Porque lá eu finjo que não preciso de mais nada nem ninguém.