Querido diário
Já que quase todo mundo que foi pra Paracambi tem blog e escreveu sobre a viagem (não vale rir,
Juliana! pra mim foi viagem, sim), eu resolvi contar aqui a minha versão.
Acordei no sábado com os fogos. Não vi o jogo, tava arrasada da noite anterior (eu tinha tocado na pista 3 da
Bunker), mas soube do resultado pela quantidade de vezes em que ouvi os fogos. Voltei a dormir, claro. Mas o celular tocou. E depois o telefone de casa. Ui, como sou requisitada. No de casa era o Fred, insistindo pra eu ir pra Paracambi. Sem condições. Não ia dar tempo. Alguns telefonemas depois, eles resolveram marcar pra mais tarde, então acabei indo.
Cheguei no McDonald's da Central do Brasil quase 16h, e estavam lá
Fred,
JP, Pítti,
Fernando e
Rafael, que eu não conhecia. O Fred vem apresentar: "Esse é o Rafael, da
Frente." E eu: "Ui." Depois fiquei pensando: será que fui muito
agrede? Mas também quem é que apresenta um amigo dizendo onde ele trabalha?
Ah, detalhe:
no McDonald's da Central estava tocando Smiths. Não uma música, por acaso, na programação da rádio Cidade ou coisa do tipo, mas um cd inteiro. "Esse bando de
indie reunido aqui e tocando Smiths. Isso deve ser algum tipo de sinal", pensei.
Chegou a Juliana e nós fomos pegar o ônibus, que era melhor do que eu esperava. Sentamos no fundão. O Rafael, coitado, quase não falava. Também, acompanhado de um bando de tagarelas... Talvez você esteja se perguntado onde é Paracambi. Pois é, eu também não fazia idéia. Mas é um município do Rio (o Rafael botou um mapa no blog dele) e tem que pegar a Dutra pra chegar lá. Aliás, passamos perto do lugar onde o Sávio contou que rolou o
strip-tease da puta sem braço...
Duas horas depois (uma e meia, no fuso do Fred...), chegamos. Legal, a cidade. Tranqüila. A casa do Fred é ótima, bem grande, e a mãe e avó dele, super simpáticas, vieram logo trazer bolinhos de aipim e pavê de chocolate pra galera. Hmmm. Grande recepção. A mãe do Fred ainda ficou contando histórias dele, e ele dizendo que ela tava contando os podres. Haha. Quem sabe dos podres dele é a gente, e não ela...
Momento
loser número um: todo mundo teve alergia na casa, que fica muito tempo fechada e é meio úmida. Ai, que deprê. Fomos nos arrumar e demos um tempo no
lounge da casa, onde encontramos discos toscos (como um do Bozo, o do Playcenter) e ficamos discutindo (acaloradamente, diga-se de passagem; ou seja: JP berrando histericamente) o sentido do termo
indie. Sinônimo de independente ou todo um conceito de uma tribo? Emails para a redação, plis.
Dali fomos para a praça. A cidade toda parecia estar lá, e devia. Era tipo uma quermesse, festa junina, ou coisa do tipo: tinha barraquinhas de bebidas (valeu, pinga com mel! valeu, batida!) e até de maçã do amor, que eu tive que comer, claro. Quando a gente chegou, tava tocando Placebo (outro sinal? alguém querendo lembrar o tempo todo "ai, como vocês são
indies, não tem como fugir"?). No palco, uma banda local, Silvertape, filhote de Rage Against The Machine. Ficamos bolados com o palco: o
Los Hermanos ia tocar ali, espremido??? Claro que não, tansos. Tinha um outro palco, bem maior, foi o que logo descobrimos.
Enquanto o show dos Hermanos não começava, ficamos dando uma volta, até andamos de trem fantasma (e eu nem vou contar que o JP foi o único que teve medo que é pra não queimar o filme dele). Encontramos o Sávio, colega de
e-zine das antigas, com a namorada. Fazia um pouco de frio, o Fred enganou a gente, ainda bem que os meninos (muito gentis) nos emprestaram casacos.
O show foi muito legal, o público até que tava vibrando com as músicas do
Bloco do eu sozinho, embora não tenha comparação com os momentos em que eles tocaram "Anna Júlia" e "Primavera" (não tocar as duas é um luxo que só a
Loud permite...). O show estava ótimo, eu, Fred e Fernando pulando super animados, até que alugém jogou uma espécie de bombinha no palco, na direção do Bruno Medina. O Amarante, que tava do outro lado, achou que fosse um papel pegando fogo, largou a guitarra e foi lá pisar em cima, tentando apagar. Resultado: o negócio estourou no pé dele. Felizmente, parece que não aconteceu nada grave. Mas depois disso, é claro, a banda esfriou um pouco. Que babaca o cara que jogou a tal bomba.
Ah, sim. Segunda enquete do dia: o que você faz quando um amigo seu te envergonha tanto, mas tanto, apontando pra você pelas costas enquanto a banda toca sua música preferida, que o vocalista te chama pra subir no palco? Some? Deixa de falar com ele? Sugestões para o meu email. Minha amizade com o Fred depende dessa questão... Depois do show, camarim (ui, como somos
groupies). Conversamos com a banda, comemos um pouquinho e fomos pra casa.
Eu não consegui dormir direito à noite. Acho que sou a mais nerd da galera, porque a umidade e o carpete do quarto me deram muita alergia e eu tive crise de bronquite. Pra piorar, o telefone começou a tocar histericamente (não sei que horas, mas era cedo). A Ju queria tirar do gancho, mas eu dei a brilhante idéia: desliga da tomada. Enquanto isso, em outro quarto, o JP tinha a mesma idéia, e foi por isso que algum tempo depois eu comecei a ouvir os gritos: "Frederico! Frederico!" Ah, não vou avisar, ele vai ouvir. Não ouviu, mas dessa vez o JP levantou e avisou. Era a tia do Fred, chamando pra irmos ao sítio dele.
Aí já dá pra imaginar o meu bom humor quando o Fred resolveu acordar a galera. Primeiro, botou Angela Maria (é...) bem alto. Começa o inferno: Juliana berrando e reclamando da vida. "... que não conhece a dor de amar...", diz a Angela Maria, ao que a Juliana responde: "Eu conheço!!!", e eu ainda me dou ao trabalho de comentar: "Só você, palhaça?" Depois, pra continuar o meu inferno, o JP vem bater na porta e ameaça derrubar se a gente não abrir. Rá, rá. Que meda, que pânica. E a Juliana ainda abre, assustada...
Mas o sítio do Fred. Muito legal. A casa grande, tudo lindo. E as aves, de vários tipos: ganso, marreco, pato, tucano, pavão (que gostou do JP, faz sentido), faisões e galinhas de vários tipos (bizarro, parecia o desfile do Hotel Glória - rá rá, sou hilária).
Depois do churrasco (valeu, Pítti), os meninos foram jogar pingue-pongue e futebol (que eu não vi, mas deve ter sido comédia...). Trilha sonora: Ritchie e uma coletânea anos 80. Mas logo rolou um cd com gravações ao vivo da MTV pra gente se lembrar que é
indie. E já tava na hora de ir.
Perdemos o ônibus mais barato, mas pelo menos o outro deixava na rodoviária, que não é tão sinistra quanto a Central aos domingos. Valeu, Fred! Tô esperando a próxima.