Sonhos
Respiração ofegante. Suor. O cheiro dele. Nos olhos e no coração descompassado, o que eu não queria que ele percebesse. Mas acho que era inevitável. Ele já sabia, há muito tempo. Eu não disse nada. Não com palavras. E ele notou. Não sei esconder essas coisas.
O sonho que eu tive não foi bom. Ele me deixava sozinha. Num lugar cheio de pessoas estranhas, eu me sentia extremamente só. Uma intrusa. Ele me perguntou, mas eu não quis contar. Dizem que os sonhos muitas vezes são a expressão dos nossos medos inconscientes, e ele podia me achar louca. Ali, nos braços dele, eu também me sentia uma intrusa. Sou pessimista, pensei. Em vez de aproveitar os momentos.
Ele me abraçou, e me beijou, e foi criança mais uma vez. Mas eu não consegui dormir de novo. O tempo todo querendo me livrar daquela sensação estranha, o aperto no peito, o frio na barriga. Eu preciso de calma. Preciso. Está tudo bem, por que me sinto esquisita? Por que o medo?
Naquele dia, eu sequer imaginava que ainda iria viver aquele sonho mais uma vez. Mas, quando ele sumiu, eu não fui procurar. Dessa vez eu já sabia o final.