Somebody else's dream
You know the reason why some nights
you don't have a dream?
When there is just blackness?
And total silence?
Well, this is the reason:
It's because on that night
you are in somebody else's dream.
And this is the reason you can't be in your own dream
because
you're already busy
in somebody else's dream.
(Laurie Anderson)
Uma sensação de déjà-vu que quase se consuma na mesa, depois no chão. Eu sei que é uma peça, eu que escrevi, mas eles agem como se não fosse. Meu tio diz que não confiava mas achou muito bom. Eu escrevi? Não lembro, isso é a maior cópia daquela escritora. Paciência.
Parece que acabou. Todo mundo sumiu, o palco está escuro. Chego no ponto de ônibus e eles estão lá. Quem me abraçava e venerava minutos antes não gosta de me ver e age como se eu fosse indesejável ali. Eles começam a tocar alto (é uma fanfarra) e gritar, e eu rio porque sei que é uma peça, a minha peça, e não entendo porque eles fingem que não é.
Vêm as duas mulheres esquisitas, eu sinto um perigo nelas e uma delas me puxa pelo braço e sussura no ouvido (eu sinto o hálito dela como se fosse agora) fica tranqüila, depois você nem vai lembrar do que aconteceu. Fico me concentrando para lembrar e de repente ela pega a arma que parece de brinquedo e dispara um raio roxo na minha têmpora, e eu sinto um leve choque na cabeça. Enquanto isso ela diz ih, uma cadeira, e eu estou sozinha numa espécie de divã, e está tudo escuro. Me viro para acender a luz e estou no meu quarto, tentando lembrar de tudo o que acabou de acontecer.
Ligo pra ele, o do sonho, e a voz do outro lado me diz nem sei se ele vem hoje.