Saudades
É muito legal estar apaixonada por alguém ou amar... Mas uma coisa muito importante na minha vida, sempre, são os amigos. Como se diz, eles são a família que a gente escolhe. E é por isso que eu sou muito fresca e embora em geral procure ser educada e simpática com as pessoas, sou meio fechada em relação à minha vida particular (é só ver o meu blog: é ficção, não é um diário, embora eu não tenha nada contra os diários). Não é qualquer um que sabe do que é importante pra mim, não é qualquer um que considero meu amigo.
As relações de amizade são as mais duradouras porque costumam ser muito mais saudáveis. As cobranças são menores (e outras), a comprensão é maior, não existe tanta insegurança nem tantos tabus. Não precisamos fazer jogo com amigos (nem deveríamos fazer com quem amamos...). E não exigimos nem damos exclusividade.
Existem vários tipos de amigos, todos igualmente importantes. Aqueles de quem não nos desgrudamos, com quem falamos freqüentemente. Aqueles que ficamos sem ver por muito tempo e que quando encontramos parece que nada mudou, pois as afinidades continuam ali, intactas. Os amigos com quem dividimos certos assuntos, porque sabemos que só aquela pessoa pode entender o significado de alguma coisa pra gente.
Espero que eu tenha conseguido mostrar a essas pessoas como elas são importantes para mim e como eles fazem a minha vida feliz. Porque felicidade na vida, pra mim, são os pequenos momentos. O resto, embora também seja importante, é conseqüência. Não vou ficar esperando o dia em que vou ser feliz, porque eu já sou.
Eu amo todos vocês.
AGRADECIMENTOS
(Wislawa Szymborska)
Estou em dívida com aqueles
por quem não estou apaixonada.
Devo a eles o alívio de saber
que de outros eles estão mais próximos.
A alegria de não ser
o lobo de seus cordeiros.
A paz vem junto deles, e a liberdade
também, coisas que o amor não sabe dar
ou sustentar por muito tempo.
Eu não os aguardo
correndo da porta para a janela.
Sou paciente como um quadrante solar,
pronta a compreender
aquilo que o amor não compreende,
pronta a perdoar
aquilo que o amor não perdoaria jamais.
De uma carta a um encontro
não se instala uma eternidade,
mas apenas alguns dias comuns, semanas comuns.
Com eles as viagens são bem sucedidas,
os concertos bem escutados,
as catedrais bem visitadas,
as paisagens bem observadas.
E quando terras e oceanos nos separam,
trata-se de oceanos e de terras
bem conhecidos pela geografia.
A estas pessoas devo o fato de viver
num mundo sólido,
num espaço não-lírico e não retórico
dotado de um horizonte real, móvel, como tem que ser.
Ah! eles ignoram com certeza
quantas coisas me trazem em suas mãos vazias.
("Eu não devo nada a essas pessoas"
diria o amor
a esse respeito.)