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~ segunda-feira, fevereiro 04, 2002
 
CINEMA

I'm Straight
Augusto Olivani

A faixa amarela no asfalto passa bem mais devagar que em Estrada perdida. E David Lynch faz questão de escancarar isso na face do espectador, numa auto-paródia. Outra: o sobrenome do personagem principal Alvin, a palavra straight, é outra brincadeira do diretor, conhecido por filmes que não respeitam a narrativa "straight" confirmada por 99,99% dos outros cineastas da face da Terra.
E Straight Story, a fábula de um velho teimoso que vai visitar o irmão montado em um aparador de grama, é filme que reflete uma natureza humana que não a retratada nos filmes anteriores do diretor (mesmo no recente Mulholland Drive). Qualquer tipo de obsessão doentia está ali – afinal, quem em sã consciência montaria numa sucata que anda a 5 km/h? A sua técnica idiossincrática também – closes peculiares, o silêncio, a exploração de situações, personagens e fixações pouco convencionais.
Mas a temática é outra. Talvez algo que Lynch precisasse fazer: uma história convencional, "straight". E tratou de transformar essa necessidade em uma experiência espiritual. Espiritual para ele – ao partir para um gênero que nunca explorou –, para Angelo Badalamenti – fazendo uma trilha sem ser soturna, caipira como poucos imaginariam –, para Richard Fansworthy – o personagem/ator idoso que encara a travessia – e para o próprio espectador – quem se sente desmontado por ser surpreendido pela história tão desafiadora.
Desafio esse que é encarnado pelo próprio Alvin Straight, homem de rosto e corpo castigados, ao montar seu cortador de grama, contra a vontade da montanha e do rio Mississipi e de seus amigos e de sua filha. Todos vítimas do cotidiano. Mas assim que Alvin ouve que seu irmão sofreu um derrame – o mesmo irmão com quem brigara 10 anos atrás –, ele sabe que precisa fazer algo. E aceita os riscos.
E por que raios viajar 500 quilômetros num aparador de grama? Desculpa esfarrapada 1: porque não tem carteira de motorista e desculpa esfarrapada 2: porque não gosta de viajar de ônibus. Mas todos deveriam saber que ele vai dessa forma pois precisa fazer isso, precisa engolir o orgulho e exorcizar seus demônios. Enfim, é uma travessia, daquelas que, como num conto, ninguém pode sair do mesmo jeito que entrou.
Como numa metáfora da própria vida, David Lynch aceita os riscos e consegue segurar duas horas de filme de uma história tediosa sobre alguém que viaja num aparador de grama. O segredo? Explora as angústias e os segredos comuns a todos, que qualquer um guarda dentro de si, e mostra a melancolia briosa que existe em alguém que sofre, dentro do olhar catalisador de Straight.
Pois quem já viajou sozinho ou se expôs solitário ao meio do nada, do interior esquecido, onde nada acontece, sabe que o silêncio do vento e das folhas diz mais que qualquer frase confortadora. Sabe que domar seus próprios medos e pendências é difícil, mas necessário. E é assim que David Lynch entrega uma obra bela e elevatória, transformando a travessia de Straight em um replay da vida de qualquer um. De como a vida de cada um passa devagar e como você provavelmente vai ver tudo que ela tem para mostrar. A questão é se você vai abrir seus olhos e encarar ou se vai preferir ficar assistindo tempestades de raios da janela de sua casa.
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* Augusto Olivani é jornalista e editor do zine Lo-Fi. Escreve pra ele perguntando quando sai o próximo...

 

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