Amizade
Se eu tenho medo de me apaixonar por você? Talvez. Mas agora você está me pedindo colo e eu não tenho por que recusar, a não ser por tudo aquilo de ruim que você me conta que faz, e que eu sempre acho que não é você, é uma máscara, que você tira enquanto conversamos – ou será que na verdade você põe a máscara quando está comigo?
Eu não sei, mas acontece que você fica feliz quando, ao contrário dos outros, eu digo que acredito quando você diz que quer ser uma pessoa melhor. Você me disse que não resiste quando uma mulher mexe nos seus cabelos (eles estão diferentes da última vez que eu te vi, mas estão lindos, deixa de ser bobo) e eu tenho medo de que você pense que eu estou fazendo isso agora para insinuar alguma coisa, como aquelas que descobriram um dos seus pontos fracos. Eu não precisei descobrir: você me contou, numa de nossas conversas que parecem nunca se esgotar.
Você diz que todas elas vão passar um dia e eu sou a única que vai estar sempre na sua vida, e eu sorrio bobamente por dentro, embora às vezes uma ou outra delas te faça esquecer um pouco de mim. É bom ouvir isso, e você volta e meia escolhe as palavras certas pra me dizer. Eu fico feliz quando você escuta o que eu digo, e é bom dividir impressões sobre um livro ou a vida. É por isso que eu também escuto os seus conselhos – embora nem sempre concorde com eles – e que você sabe me irritar de maneira que eu fique com raiva de você por não mais que cinco minutos.
Talvez eu esteja somente sendo ingênua como sempre, mas você não é assim também? Não? Ah, pára com isso, tira essa máscara. Vem cá, deita aqui. Você, não o personagem.