CONTO
Perdido
Dalton Trevisan
- Oi, cara. Que bom te ver. Pô, sabe do quê? Estou perdido.
- Estamos todos, meu velho.
- Não, não é isso. Saí de casa justo para... Muito importante. Caso de vida
ou morte. Mas, o quê?
- Ora, acontece todo dia.
- Aqui dando mil voltas. Que pô de praça é essa?
- A minha, a tua Praça Osório.
- Do nome já não lembro. Nem o dessa maldita cidade.
- Ei, meu chapa.
- Tentei telefonar - e para quem? Será que esta aliança no dedo?
- Fala mesmo sério?
- E o nome, cara? Pô, qual o meu nome? Esse outro no meu corpo... quem é?
- ...
- Como voltar pra dentro de mim? Ai, me acuda, se é meu amigo. Por favor, me
leva pra casa.
[Publicado na revista Ficções número 7, da editora
7 Letras]