As cenas do filme se repetem na minha cabeça. Internet. Música. Saudade. Medo. Um vazio no peito. O menino do filme é você, e sou eu também, com o pensamento longe, literalmente. Diz muito da minha síndrome de Peter Pan. O problema é que nós somos muito densas, ela me fala sempre. Denso também é o tempo, essa camada espessa que eu tenho que atravessar todos os dias, um depois do outro, e parece que foi ontem mas também parece que foi muito tempo atrás. Os meus medos me perseguem até na forma de pesadelos. A verdade às vezes é uma punhalada no peito, e eu repito ela tantas vezes pra ver se pára de sangrar, mas a imaginação sabe ser ainda pior. Você não me diz nada e eu só encho a minha cabeça de idéias erradas (ou talvez nem sejam erradas), e todos em volta parecem encher os copos na tentativa de preencher o vazio.
Mas ele não passa.
Caminho em direção ao perigo, ao que eu sei que pode me trazer arrependimento e culpa, e tento ficar alerta pra não me deixar levar. Como disse há alguns anos o poeta, não existe nada pior que uma pessoa insegura.
Me deposita num táxi, me leva até minha cama sã e salva, mesmo que no dia seguinte eu não lembre de muita coisa. Me acorda com um sorriso preguiçoso como da primeira vez, como tantas outras, como eu quero que seja por muito, muito tempo.
TraduçãoVou inventar saudade em outra língua
só pra você me entender.