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~ sexta-feira, agosto 30, 2002
 
A porta

Eles vão embora e quase sempre deixam a porta aberta, embora eu peça pra fechar. Ela é um pouco difícil de abrir, assim como de fechar. Mas o que acontece lá fora atrapalha o que acontece aqui dentro, e é por isso que eu sempre peço a eles pra fechar. Será que é tão difícil assim?
Pra mim é. Eu poderia simplesmente ir lá e fechar, protegendo a mim e a tudo o que está aqui dentro do barulho lá de fora. Mas eu simplesmente não consigo fechar portas. Ainda mais essa, que há muito tempo está meio quebrada e é difícil de abrir e de fechar. Às vezes eu preferia que não abrissem, mas eles insistem e depois de alguma passagem-relâmpago saem, deixando a porta, como quase sempre, aberta.
Agora, por exemplo, tem uma fresta. O barulho entra aqui e é difícil eu me concentrar, eu acho que vou pôr música alta pra não ter que ouvir, seria muito mais simples ir lá e fechar, mas eu não sou simples, eu não quero ser simples, eu vou sempre gritar pra eles fecharem a porta e se eles não quiserem ouvir meus gritos que não abram ela, então.
Mas hoje eu fechei a porta e dormi o dia inteiro.
~ quarta-feira, agosto 28, 2002
 
Momento querido blog

Olhando as estatísticas de visitas ao site, descobri que alguns blogs que eu nem sabia que existiam têm link pro EU TE AMO BLOG. Até de gente que eu nem conheço. Que lindo! (podem me chamar de emo)

Só não entendi como vieram do www.bravemen.cjb.net parar aqui. Um engraçadinho deve ter posto meu link no guest book.

Agora, bizarro mesmo é descobrir que alguém achou meu site no Google procurando por te+como+las+tetas, na mesma semana em que recebo (pela segunda vez) um spam com o título All Natural Breast Enhancer. OK, tem alguém sem mais o que fazer me zoando por aí. Vamos parar, ô.
 
You come and go like a pop song

Well...you can't hurt me
'cause I'm un-hurtable
and you can't scare me
'cause I'm un-shakable
and you can't touch me
'cause I'm un-reachable
and you can't get me
'cause I'm un-forgettable

"hurt", bicycle thief
~ terça-feira, agosto 27, 2002
 
Copacabana

Às vezes, quando estou cansada, como agora, eu penso que queria morar em Copacabana pra dar uma volta na praia à noite pra relaxar. Foi lá que um rapaz viu o mar do Rio pela primeira vez quando eu levei, e às vezes ele sente saudade daquela noite, do mar e da coxinha da minha lanchonete preferida.
Eu costumava preferir Ipanema, que é mais limpa e tem pessoas bonitas e bem-vestidas. Mas em Copacabana a gente olha pras putas e os travecos nas esquinas e finge que é antropólogo. A gente olha os mendigos na calçadas e finge que é mais humano.
Os meus amigos moram lá, e os que não moram vão sempre, assim como eu. Lá, a gente brinca de fingir que é adulto com essa vida de eterno adolescente. A gente bebe nos botecos e fica um pouco mais feliz mas tem medo de nunca conseguir o que sonha.
E quando eu volto pra casa de manhã, depois de uma noite mal dormida por causa da feira que começou a se armar de madrugada, eu vou um pouco triste. Porque lá eu finjo que não preciso de mais nada nem ninguém.
~ segunda-feira, agosto 26, 2002
 
Enquanto tô aqui de escrava isaura, não tem sobrado muito tempo pra escrever (life intimidates art, Ciça). Mas durante a pesquisa eu achei um texto que resolvi publicar aqui. Um site perguntou a alguns escritores por que eles escreviam, e umas das respostas foi essa:

Eu escrevo porque tenho raiva. Escrevo porque tenho medo. Porque tenho fome. Eu escrevo porque fazer um filme é caro e demorado demais. Eu escrevo porque pra fazer um filme, via de regra, é preciso beijar a mão de canalhas presidentes, canalhas secretários de Estado, canalhas prefeitos... Escrevo porque a mão dos canalhas que beijei tinha gosto de ovo podre. Eu escrevo para burilar minha burrice infinita. Pra não ser vítima da minha própria crueldade. Eu escrevo porque a vida vai ficando cada vez mais enrolada, ao contrário do que meu pai dizia, e assim é como se eu estivesse num trem rápido, com meio corpo pra fora, tentando agarrar os matos do caminho. Eu escrevo porque me acho melhor que os outros... e sofro de vergonha. Escrevo porque de uns tempos pra cá começaram a me dar algum dinheiro por isso. Eu escrevo para humilhar as pessoas que não gosto. Eu escrevo porque pareço ter acesso a mais profundezas trágicas e úmidas do que se fizesse pontes, móveis ou sapatos. Escrevo porque nunca fui bom em esportes, tenho tique no rosto e meu cabelo cresce torto. Eu escrevo porque não tenho útero e não posso ser mãe de nada. Eu escrevo pra um dia poder parar com essa frescura de escrever e viver comigo. Simplesmente. Feliz como uma vaca feliz. Sem texto, sem droga nenhuma.

Fernando Bonassi - Folha de São Paulo, 6/5/98

Bem, achei isso muito legal. Mas eu escrevo porque não tenho escolha.
~ quarta-feira, agosto 21, 2002
 
Muita onda



Da esquerda pra direita: eu, Ju, Ritchie e Ciça ontem, no Ballruim. Fred também falou com ele e tirou foto. Só faltou JP, que deu mole de não ir. Como bem disse a Ciça, a vida tem dessas coisas...
Quem tava lá viu Philippe Seabra e Gutje da Plebe mais banda (Clash City Rockers) e convidados – Bruno Gouveia (Biquini), Fernando Magalhães (Barão Vermelho), Toni Platão e, é claro, Ritchie – tocando pérolas do Clash. Muito bom.
~ terça-feira, agosto 20, 2002
 
i kissed your lips and broke your heart
you, you were acting like it was the end of the world


==

you're dangerous cos' you're honest
you're dangerous cos' you're don't know what you want


algumas pérolas do cancioneiro folclórico irlandês, que tô ouvindo em homenagem à ciça.
~ domingo, agosto 18, 2002
 
e o que é vida sem sobressaltos?
 
Coincidências

Chegou em casa e foi se deitar. A noite tinha sido cansativa: muitos sorrisos, conversas com meros conhecidos, o reencontro com velhos amigos. Estava feliz, claro: seu último livro tinha acabado de ganhar mais um prêmio. Além da grana, vinda em muito boa hora, tinha o reconhecimento, o júri formado por alguns dos autores que tinham marcado a sua vida.
Olhou pro lado e viu que o marido já dormia. Estava acostumada, desde que ainda eram namorados sempre tinha sido assim: ele pegava rapidamente no sono e ela ficava acordada por horas e horas, divagando e virando de um lado para o outro na cama. E era impressionante como ele se mantinha abraçado a ela durante toda a noite – foi o único que conseguiu isso.
O livro mais recente, aliás, tinha sido inspirado por ele. E tinha várias passagens sobre a vida dos dois: o tempo em que ficaram separados, a reconciliação e o período feliz que se seguiu, o filho que ela esperava e acabou perdendo, o tempo morando no exterior. Mas o impressionante é que a obra dela não era auto-biográfica. Pelo menos não da maneira tradicional: tudo tinha sido escrito antes de acontecer.
É claro que tudo o que estudou a tinha tornado um pouco cética diante da vida, e ela pensava que podia ter acabado se influenciando pelo que escrevia a ponto de tornar aquilo realidade. Mas de vez em quando ainda admitia a possibilidade de existir um quê de premonitório no que escrevia.
Desde antes de publicar o primeiro conto, num jornal, era assim: tinha uma idéia súbita, escrevia (sempre em primeira pessoa) e tempos depois (às vezes poucas semanas) aquilo acontecia. É claro que levava tempo escrevendo e reescrevendo, mas a idéia principal sempre vinha assim, num ímpeto.
Achou engraçado, outro dia mesmo conversara com um amigo, também escritor, sobre isso. Ele era interessado em assuntos místicos e ficava muito impressionado com isso, desde as primeiras vezes em que aconteceu. Depois ela acabou se distraindo com as lembranças da noite anterior e dormiu.
A vida parecia mesmo um sonho. Quem diria que algum dia ela viveria de escrever, aquilo que ela fazia por necessidade, por não ter escolha? Às vezes lembrava dos tempos em que tinha medo de nada dar certo e sorria, feliz.
Passou-se algum tempo e ela já estava com algum material do novo livro pronto. Mais uma idéia súbita, com os mesmos elementos onipresentes em sua obra: primeira pessoa, sonhos, fobias, muita reflexão e pouca ação, amor, histórias absurdamente inteligadas. Os amigos pra quem mostrara até agora tinham gostado. Mas eles ainda não sabiam do final, que ela já tinha na cabeça: dessa vez a personagem principal morria.
Só quando estava conversando com o tal amigo impressionável, o que também era escritor premiado, é que se lembrou das coincidências entre o que escrevia e a sua vida até então. Você não pode escrever que morre, insistia ele. Que bobagem, ela pensou. Então não posso ter liberdade pra criar por conta de algumas coincidências? Não existem coincidências, ele dizia, como sempre.
Depois de mais alguns sonhos, conversas e outras tantas coincidências, acabou ficando um pouco assustada e desistiu de escrever aquela história. Escreveu contos, artigos, até iniciou outro romance, mas sempre parava no meio. Não ficava satisfeita com nada do que escrevia, até porque a história interminada não saía de sua cabeça. O editor já começava a cobrar um novo livro, os amigos perguntavam sobre a continuação dos trechos que haviam lido, jornalistas especulavam em torno do romance do qual tinham publicado trechos.
Estava angustiada. Não conseguia mais escrever nada de que gostasse – e, afinal, escrever era a sua vida, não somente em termos financeiros: era necessidade, como ela não se cansava de dizer. Não podia continuar assim. Não. E parecia claro agora que enquanto ela não terminasse o livro que tinha vindo à cabeça não conseguiria escrever mais nada que prestasse. Então era hora de parar com bobagens e fazer o que tinha que ser feito.
Nos meses seguintes, dedicou-se a terminar o romance, apesar do medo do marido e de alguns amigos. Teve alguns sonhos e viveu situações que aproveitou na trama, a história foi se completando, acabar aquele livro foi uma tarefa até que fácil. Depois de aprovado, mais uma vez um livro seu seguiu a trajetória de boas críticas e indicações para prêmios, além de uma boa aceitação pelo público.
E agora ela estava ali, ansiosa, preparando-se para a cerimônia de entrega de um dos prêmios mais importantes do país. Não sabia o porquê da angústia. O marido notou uma certa inquietação, e disse não fica nervosa, eu estou com você, como sempre. Feliz e mais tranqüila, ela respondeu eu te amo, e seguiram para a festa.
Depois de muita expectativa, o resultado: o prêmio era dela, sim. Foi ovacionada, e fez um discurso emocionado ao recebê-lo. Ao contrário das outras vezes, apesar de cansada, resolveu ir comemorar com os amigos e parentes de pois da cerimônia. Foram a um pequeno restaurante que ela adorava, e era tanta gente que quase ocuparam o lugar inteiro.
Muito obrigada a todos vocês, ela disse. Cada pessoa que está aqui foi importante para que a minha vida seja o que ela é agora, para que este momento esteja acontecendo. Os olhos marejados eram uma surpresa: logo ela, tão reservada. Ela, que costumava fazer piadinhas nos momentos em que estava mais emocionada.
Já em casa, se preparava para deitar-se. Dessa vez não estava cansada. Estava feliz. Beijou e abraçou o marido, que logo dormiu, como sempre. E dessa vez ela não ficou por horas e horas divagando. Deitou e em seguida adormeceu, a expressão tranqüila. Dessa vez ela não acordaria. Mas isso já era esperado.
~ quinta-feira, agosto 15, 2002
 
Não sei jogar

(Astromato)

Eu não tenho mistérios com você
não é assim que a gente tem que ser
se a vida é um jogo o meu parceiro é você
me dá um sinal
uma piscadela etcetera e tal

Mas eu não jogo futebol
nem baralho eu sei jogar
todo mundo joga
e eu só sei olhar
porque eu só bato bola com você

Não desejo que me leve a mal
às vezes até penso
mas é sempre no final
que eu faço o meu show e o meu público é você
que eu quero agradar
e nada mais vai me importar

Mas eu não jogo futebol
nem baralho eu sei jogar
todo mundo joga
e eu só sei olhar
porque eu só bato bola com você

Não me interesso em aprender
sozinho eu nunca olho pra TV
qualquer programa fica legal
quando você me leva com você
 
É falta na entrada da área
Adivinha quem vai bater?
É o camisa 10 da Gávea...


A tábua de Esmeralda, Samba esquema novo, África Brasil. Trilha sonora para trabalhar. Na seqüência vêm Força bruta, Ben é samba bom (claro) e Salve simpatia. Amanhã vou na loja procurar outros.
~ terça-feira, agosto 13, 2002
 
Distante

Quanto tempo é daqui até lá?, me pergunta a amiga. Eu lembro de quando pegava a barca, e a travessia tão linda era uma eternidade. Não sei se mais alguém ali esperava tão ansiosamente a vista caótica do centro da cidade.
Camelôs, música alta, cheiro de fritura, namorados no shopping à beira da baía, carros e muitas pessoas por todos os lados, e o meu coração ficava um pouco mais tranqüilo enquanto eu andava por entre tudo isso.
Dali até o meu destino final eu não demorava muito. Em outros tempos a demora era maior, e parecia que tinha sido outro dia ainda que eu tinha feito aquele trajeto. Eu sentia saudade do barulho do mar, trilha sonora de
muitas noites no andar de cima da casa. Foi ali que eu pus flores de mentira na escada pra você, e também onde eu ouvi "eu não sei mais o que sinto" pela primeira vez.
O novo bairro eu não conhecia ainda muito bem, e toda vez tinha a impressão de descer do ônibus no lugar errado. Às vezes a impressão estava certa, e eu andava um pouco mais entre as ruas escuras, mas não tinha medo. Gostava do movimento, das facilidades, da praia, que não era mais aquela que se podia ouvir do quarto, mas ainda assim estava perto. Mas o melhor mesmo era saber que eu não ia demorar muito pra chegar.
Eu sempre gostei muito da noite, e lá o dia era especialmente triste, porque quase sempre significava ir embora, e eu lembro de mim, em frente à praia, já pensando em quando ia ver outra vez o seu rosto. Eu estava
deixando minha segunda casa.
É muito longe daqui?, ela insiste. Nesse momento, a distância só não é maior que o buraco no meu peito.
~ segunda-feira, agosto 12, 2002
 
O filme que passa só na minha cabeça. As palavras que eu não falo quando a gente se encontra (e quanto mais silêncio eu faço, mais e mais eu gostaria de estar te dizendo). Os textos que me vêem à cabeça enquanto eu caminho pra casa no frio. As músicas que quando tocaram na pista eu lembrei de você. Quando eu quis que você viesse dançar perto de mim. O medo que eu tive quando achei que uma outra estava com você. O meu coração quase pulando pra fora do peito, e eu tentando disfarçar (mas era como se estivesse escrito na minha testa). A felicidade boba com o que temos em comum. Tudo o que você nunca vai saber.
~ sábado, agosto 10, 2002
 
Do you still hear Chico Buarque at night?

Desencontro

(Chico Buarque/1965)

A sua lembrança me dói tanto
Eu canto pra ver
Se espanto esse mal
Mas só sei dizer
Um verso banal
Fala em você
Canta você
É sempre igual
Sobrou desse nosso desencontro
Um conto de amor
Sem ponto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés
E saudades fúteis
Saudades frágeis
Meros papéis
Não sei se você ainda é a mesma
Ou se cortou os cabelos
Rasgou o que é meu
Se ainda tem saudades
E sofre como eu
Ou tudo já passou
Já tem um novo amor
Já me esqueceu
~ quarta-feira, agosto 07, 2002
 
Das coisas que eu não posso te dizer

Os olhares perdidos e o pensamento distante têm, na verdade, um lugar: é você. Você que nessas noites frias e longe dos meus olhos e ouvidos eu não sei onde está. Talvez em outros braços. Talvez desejando estar nesses braços, ou talvez apenas se voltando a eles por não ter outro destino. Talvez sem sequer imaginar que poderia estar aqui, braços, colo, olhos, boca, ouvidos e infinitas histórias pra você, só pra você.
Em outros tempos eu costumava chorar sem motivo aparente. Também me envolvia mais facilmente. Sofria com falsos amores e promessas desfeitas com a velocidade de quem faz das palavras verdade por um instante. O tempo dos homens. Eu mudei e os tombos e tropeços não me fizeram amarga, somente mais
forte.
Mas não conheci ainda alguém que esteja para sempre livre das armadilhas e acidentes que tomam o coração. Existe sempre um momento em que não cabe a razão, e é o suficiente para que não se tenha mais controle sobre os sentimentos, os olhares, os sorrisos, o corpo que se volta na direção de quem se gosta.

Ainda mais quando não se quer lutar contra.
~ terça-feira, agosto 06, 2002
 
Life just sucks
I lost the one
I'm giving up
She found someone


Blink-182. Emo.
 
Você vai me perder pro mundo e eu vou te perder também. A gente vai continuar vivendo. E a gente vai se perder pra alguém e a gente vai perder alguém mais. E vai aprender que isso é o que torna a vida o absurdo mais apaixonante. É como ter certeza da morte: a única certeza é a perda.

Tem razão, Beto.
 
Sonhos

Você já teve algum desses sonhos tão reais que quando acordou, ainda um pouco confuso, sentiu um alívio enorme ao perceber que tudo era sonho? Já sentiu e sofreu de forma tão intensa que, ao tentar lembrar, muitas vezes ficou em dúvida se tinha vivido mesmo aquilo ou sonhado?
Alguns dos meus sonhos, aqueles de que me lembro, são assim, e você sabe disso. Você já me viu chorar no meio da noite, e me abraçou tentando me acalmar. Você costumava me lembrar que era um sonho, e voltava a dormir do meu lado.
Eu não lembro dos seus sonhos. Você me falou de algum? Ou eu estava tão preocupada sentindo pena de mim mesma que não percebi que você queria me contar e se calava enquanto eu teorizava incessantemente sobre mim, sobre nós, sobre o mundo, sobre o que eu achava que devíamos ser?
Com medo do que podíamos nos tornar, eu não vi que você quis me dar o mundo. Que tudo o que eu temia eram coisas inventadas que não cabiam entre nós dois. Que eu estava me tornando uma pessoa muito diferente daquela que você amava. E agora que eu vejo já é tarde demais.
Essa noite também foi ruim. Mas era sonho, e você não estava aqui pra me abraçar quando eu acordei. E depois ficou pior que no sonho. E você não está aqui pra me abraçar e dizer que era um sonho ruim. Nem você, nem ninguém.
~ sábado, agosto 03, 2002
 
Não peço riquezas nem esperanças, nem amor, nem um amigo que me compreenda. Tudo o que eu peço é um céu sobre mim e um caminho a meus pés.

Stevenson
~ quinta-feira, agosto 01, 2002
 
Vi o clipe na MTV e não consegui lembrar o ano (nem eu, nem ele). Me senti velha. Snif.

By my side

(INXS)

In the dark of night
Those small hours
Uncertain and anxious
I need to call you

Rooms full of strangers
Some call me friend
But I wish you were so close to me

In the dark of night
Those small hours
I drift away
When I'm with you

In the dark of night
By my side
In the dark of night
By my side
By my side
By my side
I wish you were
I wish you were

Here comes the clown
His face is a wall
No window
No air at all

In the dark of night
Those faces they haunt me
But I wish you were
So close to me

By my side
By my side
I wish you were
I wish you were
By my side

In the dark of night
Those faces they haunt me
I wish you were so close to me
Yes I wish you were
By my side

 

Lay-out por Davi Ferreira